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Arqueólogos israelenses revelam trecho esquecido da Grande Muralha da China

O segmento norte da Grande Muralha da China não foi construído para bloquear exércitos invasores, mas para monitorar o movimento civil, disse um arqueólogo israelense

Correio Braziliense
postado em 09/06/2020 08:48
Uma foto aérea obtida da Universidade Hebraica de Jerusalém em 7 de junho de 2020 mostra aglomerados arqueológicos, incluindo recintos retangulares ao lado do segmento norte da Grande Muralha da China, nas estepes da Mongólia.A milhares de quilômetros da China, arqueólogos israelenses reconstituíram o traçado de um trecho da Grande Muralha esquecido pelos historiadores e construído nas estepes da Mongólia para controlar as populações nômades, segundo um estudo que será publicado nesta terça-feira (9/6). 

"A construção desta parte da Grande Muralha é um grande projeto da Idade Média que paradoxalmente é muito pouco citado em documentos históricos", disse o professor Gideon Shelach-Lavi, membro da equipe de estudos asiáticos da Universidade Hebraica de Jerusalém e diretor da pesquisa. 

É a primeira vez que essa parte da muralha é estudada detalhadamente, talvez por sua localização geográfica muito remota, sugere o arqueólogo que, para determinar o traçado exato, viajou com sua equipe e usou imagens de satélite e aéreas.

A Grande Muralha, incluída no Patrimônio Mundial da Unesco, é um conjunto de fortificações militares construídas no norte da China desde o século III a.C., com o objetivo de defender o país de invasões do norte. Seu comprimento total é estimado em cerca de 9.000 km, ou mesmo 21.000 km, se as partes ausentes forem consideradas. 

Mais ao norte, estendem-se os 737 quilômetros de uma muralha de terra descoberta pela equipe do professor Shelach-Lavi. Localizada nas estepes e coberta de grama, forma a "Linha do Norte", abrangendo a China, a Rússia e a Mongólia atualmente. 

Um arqueólogo trabalhando em uma vala no segmento norte da Grande Muralha da China nas estepes da Mongólia, parte de um projeto de mapeamento liderado por uma equipe de pesquisa israelense do hebraico Universidade.O trecho também é conhecido como "Muralha de Gengis Khan", em referência ao famoso guerreiro nascido no século XII e que, às custas de conquistas, fundou o imenso império mongol. 

"No começo, os pesquisadores pensaram que esta seção tivesse sido construída para defender a população local do Grande Khan e suas hordas nômades", explicou Shelach-Lavi. "Mas parece que não foi um muro militar para se proteger de invasões".

O tamanho relativamente moderado da muralha (cerca de dois metros) e sua localização em áreas baixas, e, portanto, não muito estratégico, sugerem que o objetivo era monitorar e controlar os movimentos das populações nômades e seus rebanhos. 

"De certa forma, era uma espécie de ferramenta política interna", conclui o pesquisador.

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