Correio Braziliense
postado em 11/06/2020 04:17
Depois de romper com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo dos Estados Unidos volta, agora, a atenção para a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Ontem, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, exigiu que a agência explique seu papel no envio de médicos cubanos ao Brasil, em 2013. De forma subliminar, advertiu que o país poderá suspender repasses financeiros à entidade, ao enfatizar que o dinheiro dos contribuintes americanos deve necessariamente ser destinado a organismos afins a seus valores.
O chefe da diplomacia americana acusou a Opas, uma espécie de braço regional da OMS nas Américas, de “facilitar o trabalho forçado” de pessoal médico cubano, por intermédio do programa Mais Médicos, lançado pela então presidente Dilma Rousseff (2011-2016). “A Opas deve explicar como chegou a ser o intermediário de um plano para explorar os trabalhadores médicos cubanos no Brasil”, cobrou Pompeo.
Segundo o secretário, a agência precisa prestar várias explicações. Um delas é “como chegou a enviar US$ 1,3 bilhão ao regime assassino de Castro”. A outra consiste em esclarecer “por que não buscou a aprovação do Conselho Executivo, seu próprio Conselho Executivo, para participar desse programa”.
Além disso, Pompeo cobrou o nome de quem aprovou o que classificou de “um acordo potencialmente ilegal”, E, por último, o que foi feito com “os US$ 75 milhões que levantou quando negociou esse programa”. Para o chefe da diplomacia americana, é indispensável a realização de reformas na Opas para impedir a repetição de novas parcerias do tipo.
Cortes
Pompeo deixou implícita a ameaça de suspensão de repasses financeiras à organização, fundada em 1902 com o apoio dos EUA. “Como fizemos com a OMS, a administração Trump exigirá a prestação de contas de todas as organizações internacionais da saúde que dependem dos recursos dos contribuintes americanos”, afirmou, acrescentando: “Nosso dinheiro deve respaldar coisas que criam valor e respaldem nossos valores.”
Há duas semanas, Trump anunciou a decisão de cortar os vínculos do país com a OMS, acusando-a de ser um “fantoche da China” na condução das ações contra a pandemia de covid-19. Segundo a diretora da Opas, Carissa Etienne, 60% do financiamento da organização vêm dos cofres americanos.
A diplomacia de Cuba reagiu às declarações de Pompeo, classificados como “propósitos agressivos”. “Demonstra isolamento ao atacar a OPAS e a cooperação médica de Cuba. É uma ameaça à paz”, tuitou o chanceler Bruno Rodríguez. A venda de serviços médicos é a principal fonte de renda de Cuba, que, em 2018, ganhou US$ 6,3 bilhões com suas missões em todo o mundo, segundo cifras oficiais.
No programa Mais Médicos, lançado para fornecer serviços sanitários a regiões pobres e zonas rurais brasileiras, Havana enviou mais de 8 mil profissionais. A ação foi considerada “um exemplo de cooperação internacional exitosa” pela Opas, que publicou um livro sobre a experiência.
O acordo foi renovado em 2016, mas no fim de 2018, o governo cubano retirou seus médicos, antes da posse do presidente Jair Bolsonaro. No mês passado, o governo brasileiro entregou licenças a mais de 150 médicos cubanos que optaram por permanecer no Brasil depois que Havana pôs fim à sua participação no programa e os contratou para trabalhar contra a covid.
- Segundo o NYT, 2 milhões com covid
Os Estados Unidos atingiram a marca de 2 milhões de infectados pelo novo coronavírus, segundo contagem divulgada, ontem, pelo jornal The New York Times. O número de diagnósticos dobrou em pouco mais de um mês. Desde o início de março, quando foi confirmada a primeira morte por covid, foram registrados mais de 112 mil mortes no país em decorrência de complicações provocadas pelo Sars-CoV-2. Os Estados Unidos são o país mais afetado pela doença. Nas duas últimas semanas, teve início a flexibilização das medidas de isolamento. Ontem, o contágio havia aumentado em 21 dos 50 estados.
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