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Aumenta tensão no Líbano diante da queda da moeda e protestos

Na madrugada desta sexta-feira, os libaneses voltaram a se manifestar, queimando pneus e bloqueando estradas

O governo libanês multiplicava nesta sexta-feira (12/6) as reuniões para tentar conter a acelerada depreciação da moeda nacional, depois de uma noite de protestos contra a inação das autoridades diante da catástrofe econômica.

A libra libanesa despencou, e a inflação está descontrolada, à medida que as empresas fecham, e as demissões não parar de aumentar no país, onde a crise do coronavírus e dois meses de confinamento exacerbaram ainda mais a situação.

As dificuldades datam de anos atrás e têm sido um dos catalisadores de uma mobilização popular sem precedentes, iniciada em outubro de 2019. Nas ruas, a população denuncia uma classe política que não muda há décadas e que é acusada de corrupção e incompetência.

Na madrugada desta sexta-feira, os libaneses voltaram a se manifestar, queimando pneus e bloqueando estradas.

Eles expressaram sua raiva contra o governo de Hassan Diab, que sucedeu a Saad Hariri em janeiro. Este último foi forçado a renunciar, devido à pressão nas ruas.

Diab realizou uma "reunião urgente" de seu governo nesta sexta, na presença de outros líderes e do governador do Banco Central, Riad Salamé.

O primeiro-ministro também se reuniu com o presidente da República, Michel Aoun, e com o líder do Parlamento, Nabih Berri.

Na quinta-feira e nesta sexta, a libra libanesa atingiu o nível histórico de 5.000 libras por dólar no mercado paralelo.

Oficialmente, a moeda nacional é indexada ao dólar desde 1997 a uma taxa de 1.507 libras por dólar.

"A revolução da fome"

Enquanto isso, partidários do poderoso movimento armado xiita Hezbollah, geralmente hostis a protestos populares, juntaram-se às mobilizações noturnas.

"O Hezbollah está tentando fazer cair o governador do Banco Central", diz o cientista político Imad Salamey, enquanto outros grupos da sociedade civil "estão protestando contra a queda do governo".

O governador do Banco Central é criticado por suas políticas financeiras que favoreceram um endividamento excessivo do Estado, em benefício - segundo seus críticos - de políticos e de bancos. 

Essa crise no Líbano - que negocia uma ajuda com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de reformas - é a mais grave desde o fim da guerra civil (1975-1990).

O desemprego afeta mais de 35% da população ativa, e mais de 45% dos libaneses vivem abaixo da linha da pobreza, segundo o Ministério das Finanças.

Deflagrada em 17 de outubro de 2019, a revolta reuniu milhares de libaneses que denunciaram a degradação dos serviços públicos e das condições de vida no país.

"A revolução da fome", resumiu o jornal "Al-Joumhouria" na manchete de capa.