Mundo

Trump endossa ação policial mais enérgica

Presidente afirma que técnica de estrangulamento deve ser proibida "em termos gerais", mas diz que, em algumas situações, pode ser necessária

Correio Braziliense
postado em 13/06/2020 04:14


Em meio à onda de indignação que varre os Estados Unidos após o assassinato de George Floyd, um segurança negro morto asfixiado por um policial branco, uma declaração do presidente Donald Trump tem potencial para acirrar ainda mais os ânimos. Em entrevista à Fox News, transmitida ontem, o chefe da Casa Branca disse que a técnica de estrangulamento usada por algumas forças para conter suspeitos deve ser proibida “em termos gerais”, mas pode ser necessária em algumas ocasiões.

A proibição desse procedimento é uma das principais reivindicações dos manifestantes que ocupam as ruas de várias cidades americanas, e de outras partes do mundo, desde a morte Floyd, que passou quase 9 minutos com o pescoço pressionado pelo joelho do policial Derek Chauvin, em 25 de maio. Ontem, o estado de Nova York adotou um pacote de medidas sobre abordagens policiais, que, dentre outras coisas, proíbe a manobra de asfixia.

“Se um policial está em uma briga perigosa e agarrou alguém, então, ele tem que ter cuidado”, disse Trump, na entrevista. O presidente afirmou que o “conceito de estrangulamentos soa inocente, muito perfeito”, mas admitiu que banir essa técnica seria uma coisa boa “em termos gerais”.

Ao ser perguntado sobre as manifestações contra a violência usada nas ações das forças de segurança, Donald Trump comentou que gostaria de ver os policiais “compassivos, mas firmes”. E destacou: “Às vezes, a dureza é a coisa mais compassiva”.

No início da semana, deputados democratas apresentaram um projeto de reforma das polícias na Câmara. Vários estados estudam mudanças para restringir o uso da força em operações. A manobra de asfixia está proibida na Califórnia e em cidades como Minneapolis, onde Floyd foi morto, Houston, Dallas, Denver e Washington.

Um das medidas sancionadas, ontem, pelo governador de Nova York, Andrew Cuomo, e fortemente criticada pelos sindicatos policiais, anula a cláusula 50ª, que protegia os agentes acusados de abuso. O dispositivo mantinha em sigilo todos os registros profissionais de todos os policiais, incluindo suas sanções disciplinares, e impedia o público de saber se havia cometido infrações no passado. Os dados podiam ser acessados somente por ordem judicial.

Cuomo também anunciou um decreto que obrigará os 500 departamentos estaduais  de polícia a adotarem um plano de reforma que “reinvente e modernize” a aplicação da lei. Para isso, terão até 1º de abril do ano que vem.

Panos quentes


Também na entrevista à Fox News, Trump minimizou o pedido de desculpas feito pelo general Mark Milley pela participação, há 12 dias, da caminhada para que o presidente americano tirasse uma foto em frente a uma igreja, em meio aos protestos. Chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, Milley é a principal autoridade militar dos EUA.

“Eu tenho um bom relacionamento com os militares. Eu reconstruí nossas Forças Armadas. Quando substituímos o presidente Obama e (Joe) Biden, as Forças Armadas eram uma piada”, enfatizou. Milley disse que acompanhar Trump para a foto foi um erro. “Não deveria ter estado lá”,  admitiu o general, na quinta-feira. “Vou dizer: acho que os cristãos acham que era uma imagem bonita”, enfatizou, ontem, o presidente.

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