Correio Braziliense
postado em 15/06/2020 04:04
Em pronunciamento transmitido em rede nacional de televisão, o presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu que o seu país não apagará elementos de sua história, nem derrubará estátuas que homenageiem figuras públicas controversas. Foi uma resposta aos protestos que se espalharam pela França depois da morte do afro-americano George Floyd, asfixiado por um policial branco em Minneapolis, no último dia 25. Bustos e estátuas de comandantes confederados — que defendiam a escravidão, no sul dos Estados Unidos — foram pichados e danificados nos últimos dias. Na Europa, as imagens do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, do traficante de escravos inglês Edward Colston e do padre jesuítya português António Vieira também se tornaram alvos de vandalismo.
Macron avisou que será “intransigente” na luta contra o racismo. No entanto, deixou claro que a França não obscurecerá elementos da própria história, nem retirará estátuas de personagens que poderiam ter defendido visões ou políticas racistas. “A República não varrerá nenhum traço ou nenhum nome de sua história. Também não se esquecerá de nenhum de seus feitos. Não derrubará nenhuma de suas estátuas. No entanto, examinará, de forma lúcida, nossa história e nossa memória, juntas”, disse Macron.
O presidente admitiu que tal regra é especialmente importante no continente africano, onde o domínio colonial francês deixou um legado que suscitou a ira de muitas pessoas. “Juntos, a França e a África precisam encontrar um presente e um futuro que sejam possíveis nos dois lados do Mediterrâneo”, defendeu Macron. Apesar de motivados pelo assassinato de Floyd, os protestos em território francês também têm como causa a morte de Adama Traore, um jovem negro que morreu sob custódia policial, em 2016. Macron reconheceu que a França teve de lutar contra o fato de que “o nome, o endereço, a cor da pele” podem afetar as chances de uma pessoa na vida. “Seremos inflexíveis contra o racismo, o antissemitismo e o preconceito. Novas decisões de igualdade serão tomadas”, anunciou. “É necessário nos unirmos em torno do patriotismo republicano. Somos uma nação onde todos — independentemente de sua origem e religião — podem encontrar o seu lugar. Isso é verdade em qualquer lugar e vale para todos? Não”, disse.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.