Correio Braziliense
postado em 15/06/2020 04:04
Cientistas da Universidade de Tel Aviv e da Universidade do Arizon conseguiram produzir eletricidade a partir de plantas e algas. A façanha, um avanço na busca por fontes de energias mais limpas, abre caminho para a exploração da tecnologia em campos diversos: desde o abastecimento de pequenas propriedades rurais ao funcionamento de grandes indústrias.
Segundo Iftach Yacoby, diretor do laboratório de energia renovável da Faculdade de Ciências da Vida da universidade israelense e líder do estudo, todas as plantas têm capacidade de produção elétrica particularmente eficaz, baseada no processo da fotossíntese. “Para fazer funcionar um eletrodoméstico, simplesmente o conectamos a uma tomada de luz. No caso de uma planta, ainda não sabemos onde conectar. Temos buscado um nanoplug trabalhando com microalgas, nas quais temos injetado uma enzima que produz hidrogênio com a ajuda de um biorreator”, detalhou em entrevista à agência France-Presse de notícias (AFP).
O hidrogênio é uma mercadoria essencial, com mais de 60 milhões de toneladas produzidas no planeta todos os anos. O processo mais comum de produção, porém, consome muita energia e resulta em grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2), normalmente lançadas na atmosfera. Por isso, a possibilidade de obter hidrogênio via luz e água apresentada pela equipe chama a atenção.
“Eles fizeram uma verdadeira inovação (…) Não encontraram apenas uma maneira de redirecionar uma estrutura proteica complexa que a natureza projetou com um objetivo de executar um processo diferente, porém igualmente crítico, mas encontraram a melhor maneira de fazer isso no nível molecular”, ressaltou, em comunicado, Ian Gould, diretor interino da Escola de Ciências Moleculares da instituição israelense.
Química alternativa
A equipe trabalhou com a alga verde unicelular Chlamydomonas reinhardtii, que tem a enzima hidrogenase, capaz de produzir hidrogênio. “O que fizemos é mostrar que é possível interceptar os elétrons de alta energia da fotossíntese e usá-los para conduzir química alternativa em uma célula viva. Usamos a produção de hidrogênio aqui como exemplo”, resumiu, em comunicado, Kevin Redding, professor da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e colaborador da pesquisa.
Com os resultados obtidos, Yacoby afirma estar convencido de que a tecnologia iniciará “uma nova era para a agricultura”. “Depois de ter alimentado os humanos por milênios, ela poderá ser utilizada para produzir energia”, explicou. “Pensávamos que havia um potencial, mas não sabíamos se funcionaria, e funcionou.”
O cientista aponta outras áreas que também poderão ser beneficiadas. “Consideramos que há muitas coisas que se possam fazer graças aos resultados de nossa pesquisa.” A longo prazo, aposta Yacoby, a solução “reduzirá a contaminação nos setores de transporte e na indústria pesada”. Nesse caso, serão necessários de 10 a 20 anos de trabalho.
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