Mundo

OMS: todo país pode ser epicentro

Correio Braziliense
postado em 16/06/2020 04:06
O aumento de registros de infecções na África preocupa a agência das Nações Unidas

O retrato atual da pandemia pode levar autoridades de saúde e a população em geral a criar expectativa perigosas quanto a grau de controle do coronavírus. Hoje, quase 75% dos casos recentes de infecção provêm de apenas 10 países, a maioria deles localizado nas Américas e no Sul da Ásia. Mas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os países devem estar preparados para o risco de se tornarem epicentros da doença.

O alerta foi feito por  Michael Ryan, diretor executivo da agência das Nações Unidas, quando questionado sobre a situação do Brasil. Segundo ele, as Américas em geral são “uma preocupação”, e o Brasil “não é considerado o único epicentro global da doença”. “Temos visto nos últimos dias e semanas mais áreas do mundo a registrar aumento nos casos”, justificou.    Cingapura, Alemanha, Japão foram citados por Ryan como países nessa condição.

Também presente na coletiva, Tedros Adhanom Ghebreyesus,  diretor-geral da entidade, destacou que há mais registros recentes da doença na África, no Leste Europeu, no centro da Ásia e no Oriente Médio. “Foram mais de dois meses para os primeiros 100 mil casos serem reportados. Nas últimas duas semanas, mais de 100 mil casos foram reportados quase todos os dias”, comparou. “Mesmo em países que têm demonstrado capacidade de suprimir a transmissão da covid-19, é preciso estar alerta para a possibilidade de ressurgência do vírus.”

Michael Ryan também comentou a decisão anunciada pelo governo americano de tirar a autorização de urgência dos tratamentos para a covid-19 com cloroquina e hidroxicloroquina. A OMS retomou as pesquisas com os medicamentos no início deste mês — os tetes haviam sido suspensos por uma semana, após a publicação de um artigo, na revista The Lancet, que mostrava a ineficiência terapêutica da hidroxicloroquina e o risco de morte devido a complicações cardíacas. Segundo Ryan, o grupo executivo do projeto que faz o ensaio clínico com as drogas está se reunindo nesta semana e, diante dos dados disponíveis, deve discutir a “utilidade de continuar com certos braços do estudo, baseado no que foi encontrado até agora”.

  • Benefícios X riscos

    A decisão foi tomada devido à falta de eficácia e a preocupações com os riscos no uso das drogas contra a infecção pelo novo coronavírus. “Não é mais razoável acreditar que as fórmulas orais HCQ (hidroxicloroquina) e CQ (cloroquina) são eficazes no tratamento da covid-19. Também não é razoável acreditar que os benefícios conhecidos e potenciais desses produtos excedem seus riscos conhecidos e potenciais”, escreveu Denise Hinton, cientista-chefe da Food and Drug Administration (FDA), a agência de vigilância sanitária americana. A FDA havia dado luz verde em 30 de março para que esses tratamentos fossem prescritos, apenas em hospitais, a pacientes contaminados pelo novo coronavírus. Donald Trump depositou grandes esperanças na medida e chegou a ser submetido a tratamento preventivo com o medicamento.

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