Pela primeira vez em 45 anos, confrontos entre militares da China e da Índia, na disputada fronteira entre os dois países, resultaram em mortes. Segundo relatos, ao menos 20 indianos morreram no Vale de Galwan. Pequim responsabilizou o vizinho pelo que chamou de incidente, sem anunciar se houve óbitos do seu lado.
Segundo o governo chinês, indianos ao atravessar duas vezes a fronteira. “Houve um confronto violento na noite passada, que deixou vítimas de ambos os lados”, disse, por sua vez um porta-voz do exército indiano, lamentando, inicialmente, a morte de um oficial e dois soldados de suas tropas. Horas depois, relatou o óbito de outros 17 soldados.
Os violentos embates foram corpo a corpo. Não aconteceu uma única troca de tiros, segundo um militar indiano na região contou à agência de notícias France Presse. “Nenhuma arma de fogo foi utilizada”, asseverou a fonte, que pediu anonimato.
Desde o início do mês passado, as tropas dos dois gigantes asiáticos se envolveram em vários confrontos ao longo da fronteira comum, de 3,5 mil quilômetros, que nunca foi devidamente delimitada. Em consequência, milhares de soldados foram enviados à região para reforçar a presença dos dois lados.
Apesar desse cenário, as duas potências nucleares asseguram que querem resolver a crise “pacificamente” pela via diplomática. Após as negociações entre generais dos dois exércitos há 10 dias, um processo de desmilitarização teve início em alguns pontos disputados na altitude de Ladakh. Mas, ontem, se deu o atrito.
O porta-voz da chancelaria da China, Zhao Lijian, disse que as tropas indianas atravessaram a fronteira, provocaram e atacaram os militares do país, o que gerou um “grave confronto”. Mas fez questão de apostar numa saída negociada. “China e Índia concordam em seguir resolvendo os problemas bilaterais por meio do diálogo”, disse.
Em Nova York, uma porta-voz das Nações Unidas expressou preocupação. “Pedimos aos dois lados que mantenham a máximo moderação”, apelou Eri Kaneko.
China e Índia tiveram várias disputas territoriais nas zonas de Ladakh e Arunachal Pradesh. Os dois países chegaram a se enfrentar em uma guerra relâmpago em 1962. Nos últimos anos, a tensão aumentou.
Em 2017, aconteceram 72 dias de confrontos, depois que forças chinesas avançaram na área disputada de Doklam, na fronteira entre China, Índia e Butão. Depois disso, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o presidente chinês Xi Jinping tentaram reduzir o clima de inquietação em várias cúpulas.
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