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John Bolton vê líder incapaz para cargo

Correio Braziliense
postado em 19/06/2020 04:05
Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional: revelações explosivas

 

Enquanto a Casa Branca se apressa para minimizar o impacto do desastre político provocado pelas revelações do livro de John Bolton, o ex-conselheiro de Segurança Nacional dispara munição contra o presidente republicano. Em entrevista à emissora ABC News, ele disse que Donald Trump não está apto para ser presidente dos Estados Unidos. “Não acho que ele seja capaz para o cargo. Não acho que ele tenha a competência para fazer o trabalho”, disse Bolton. Na quarta-feira, trechos do livro The room where it happened: A White House memoir (“A sala onde tudo ocorreu: Uma memória da Casa Branca”, pela tradução livre) foram divulgados pelos principais jornais dos Estados Unidos e apontaram que Trump pediu ajuda ao colega chinês, Xi Jinping, para ganhar as eleições de 3 de novembro, passando por cima das detenções em massa de muçulmanos uigures e de outras minorias.

 

Em seu livro, Bolton também retrata um presidente mal assessorado, fascinado por autocratas e obcecado por sua reeleição. “Tenho dificuldade em encontrar uma única decisão importante de Trump, durante o tempo em que estive no cargo, que não tenha sido guiada por um cálculo de reeleição”, escreveu, ao acusar o magnata de confundir “seus próprios interesses políticos e os interesses nacionais”.

 

Para Bolton, a conversa com Xi Jinping confirma “um comportamento basicamente inaceitável que destrói a legitimidade da presidência”. Segundo o livro, até a chegada do novo coronavírus, Trump nunca poupou elogios a Xi. “Você é o melhor líder chinês em 300 anos”, disse ao chinês, segundo Bolton. Também em junho de 2019, “Xi explicou a Trump por que ele estava construindo campos de concentração em Xinjiang” para internar muçulmanos uigures. Trump aceitou seus argumentos, garante o ex-assessor.

 

Frivolidades

 

Bolton também descreve um Trump obcecado por trivialidades, sem estratégia de longo prazo. Enquanto a aproximação com a Coreia do Norte fracassava depois da cúpula de 2018 com Kim Jong-Un, o republicano estava preocupado em dar ao líder norte-coreano um CD com a música Rocket Man, assinada por Elton John, em referência ao apelido de que ele próprio colocou em Kim no momento mais crítico das relações bilaterais. O presidente mostrou pouca cultura geral, como quando perguntou se a Finlândia ainda era “um satélite da Rússia” ou quando pareceu ignorar o status de potência nuclear do Reino Unido.

 

O Executivo alega que o material contém informação sigilosa. A menos de cinco meses das eleições, Trump respondeu no Twitter, afirmando que a obra é “pura ficção” e uma “compilação de mentiras”. Na entrevista, Bolton acusou Trump de “estar tão concentrado na reeleição” que deixou considerações de mais longo prazo à margem. “De verdade, não havia nenhum princípio que eu pudesse distinguir para além do que fosse bom para a reeleição de Trump”, disse Bolton à emissora ABC News, conforme trechos da entrevista que será publicada na íntegra no domingo. 

 

Facebook remove anúncios de campanha por mensagem de ódio 

Em outra derrota imposta a Trump, o Facebook decidiu remover da rede social anúncios da campanha à reeleição presidencial, sob a justificativa de violarem suas políticas sobre o ódio. As peças publicitárias, que atacaram o que a campanha de Trump descreveu como “multidões perigosas de grupos de extrema esquerda”, exibiam um triângulo invertido. De acordo com a organização não governamental Liga Antidifamação, o símbolo é “praticamente idêntico ao utilizado pelo nazismo para classificar prisioneiros políticos em campos de concentração”. O conjunto de anúncios de Trump com o triângulo invertido começou a circular na quarta-feira e foi visto por mais de 1 milhão de pessoas. 

 

 

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