Mundo

Mais conflitos, mais deslocados

Levantamento de agência das Nações Unidas mostra que, em 2019, o número de pessoas obrigadas a abandonar suas casas, em consequência de violência e perseguição, chegou a 79,5 milhões. Relatório dedica uma categoria exclusiva para venezuelanos

Correio Braziliense
postado em 19/06/2020 04:05
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Relatório divulgado, ontem, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) mostra que, no ano passado, mais de 1% da população mundial era composta por deslocados. De acordo com o documento, apresentado na antevéspera do Dia Mundial do Refugiado, eram pelo menos 79,5 milhões de pessoas que foram obrigadas a fugir de suas casas, muitas vezes de seus países, em consequência da violência e da perseguição.

“O 1% da população mundial não pode retornar a suas casas porque há guerras, perseguição, violação dos direitos humanos e outras formas de violência”, resumiu Filippo Grandi, diretor da agência das Nações Unidas. De acordo com o Acnur, em uma década, o número de pessoas obrigadas a abandonar seus lares praticamente dobrou.

Países como Síria, Venezuela ou República Democrática do Congo registraram grandes fluxos de deslocamento de suas populações devido a conflitos internos, numa tendência que ficou mais intensa, particularmente, a partir de 2012, segundo os especialistas. “Aconteceram mais conflitos, mais violência. E isso significa que as soluções políticas têm sido insuficientes”, observou Grandi.

Para este ano e 2021, os prognósticos são pessimistas. “Com uma comunidade internacional muito dividida, incapaz de alcançar a paz, infelizmente, a situação não vai parar de aumentar. E temo que o próximo ano será pior do que este”, previu o diretor do Acnur. “Uma atividade que não foi contida pela pandemia (do novo coronavírus) foi a guerra, o conflito ou a violência”, acrescentou.

Categorias

De acordo com o relatório Tendências Globais, mais da metade do número de afetados — 46 milhões — é composto por uma categoria que as Nações Unidas denominam “deslocados internos”, ou seja, pessoas que não precisaram abandonar seus países de origem. Outras 26 milhões de pessoas são refugiadas fora de suas pátrias.

O Acnur estabeleceu um grupo separado para os 3,6 milhões de venezuelanos que foram obrigados a deixar o país por razões econômicas. Os outros 4,2 milhões de afetados são demandantes de asilo.

Cinco países concentram 68% da população de refugiados no planeta: Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar. No país governado por Bashar al-Assad, em guerra civil desde fevereiro de 2011, 13,2 milhões de pessoas abandonaram suas casas, o equivalente a um sexto da população total, para outras partes do território sírio ou para fora do país.

De acordo com os especialistas, são os países de renda média ou baixa que devem apoiar 85% do enorme fluxo transfronteiriço. “O que observamos realmente aumentar dramaticamente é a pobreza”, assinalou o diretor da agência da ONU.

“O 1% da população mundial não pode retornar a suas casas porque há guerras, perseguição, violação dos direitos humanos e outras formas de violência”
Filippo Grandi, diretor do Acnur
 
 

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