Correio Braziliense
postado em 22/06/2020 04:04
O secretário da Justiça dos Estados Unidos, William Barr, criticou ontem o uso de cédulas de votação enviadas por correio nas eleições presidenciais americanas. Segundo ele, há a possibilidade de a medida, usada há anos em muitos estados e localidade, “abrir as portas para possíveis fraudes”.
O comentário, feito à rede de televisão Fox News, reforça o que Donald Trump tem dito repetidas vezes nas últimas semanas. Em uma de suas postagens no Twitter, o presidente afirmou que “o voto por correspondência levará à fraude e ao abuso em massa. Também levará ao fim do nosso grande partido republicano”.
Há especulações de que esse sistema poderia favorecer os democratas, já que alguns eleitores de baixa renda podem ter mais dificuldade para chegar às urnas, em oposição aos republicanos. Porém, as cédulas enviadas por correio também são populares nas áreas rurais onde Trump tem muito apoio.
Alguns democratas dizem que Trump, que afirmou antes da sua vitória nas eleições, em 2016, que os votos poderiam ser “fraudados”, estaria criando bases para uma batalha judicial no caso de perder, em novembro, para o democrata Joe Biden. No último mês, por duas vezes, o Twitter decidiu alertar os leitores sobre as postagens do presidente em relação ao voto pelo correio, reforçando que as alegações de fraude não tinham fundamento.
Ceticismo
Para William Barr, há a possibilidade de as cédulas serem roubadas das caixas de correio e até de alguma potência estrangeira imprimir “dezenas de milhares de cédulas falsas” como forma de ter influência no resultado das próximas eleições presidenciais. O secretário da Justiça afirmou que as eleições garantem a mudança pacífica de mandato nos Estados Unidos, mas as cédulas enviadas por correio abalam a confiança dos cidadãos no resultado da eleição.
Especialistas em processos eleitorais são céticos em relação a essas afirmações. Muitos estados e localidades nos Estados Unidos usam cédulas de correio há anos, com poucos problemas isolados. E os americanos que estão no exterior, incluindo tropas militares, votam por esse sistema, sem haver queixas graves de fraude. O próprio Trump recorreu à forma nas eleições do meio de mandato, em 2018, depois de mudar seu registro de eleitor de Nova York para a Flórida.
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