Espanha em novo normal

País reabre fronteiras para visitantes da União Europeia e britânicos e passa a permitir que os espanhóis façam viagens nacionais. Apesar da maior flexibilização social, governo alerta que população segue vulnerável

Correio Braziliense

postado em 22/06/2020 04:04

A Espanha deu um grande passo rumo à flexibilização das restrições sociais em razão da pandemia da covid-19. Ontem, depois de mais de três meses de implantação do estado de emergência — em que as fronteiras foram fechadas e os moradores, proibidos de sair de suas províncias —, o país passou a receber visitantes do Reino Unido e dos países da União Europeia, exceto de Portugal. A intenção é salvar a temporada turística, cuja indústria responde por 12% da economia espanhola.

Horas antes da retomada das atividades, porém, o presidente Pedro Sánchez avisou à população que ela continua “vulnerável” ao novo coronavírus e deve manter as medidas de proteção. “O vírus pode voltar e nos atingir de novo em uma segunda onda (…) Teremos que manter a guarda alta (...) e continuar a seguir as regras de higiene e de proteção”, orientou. Sánchez reforçou ainda que, embora a Europa esteja se estabilizando, o vírus “está correndo solto em outros continentes”.

O mesmo alerta foi feito ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A agência das Nações Unidas ressaltou que a propagação global do Sars-CoV-2 tem se acelerado nos últimos dias, quando o registro diário de novos casos tem chegado a 150 mil. Em todo o mundo, são, ao menos, 8,8 milhões de infectados e mais de 464 mil mortos, estima a Universidade Johns Hopkins.

“Pesadelo”

A Espanha é um dos países mais atingidos pela crise sanitária, com um balanço oficial de 28.322 óbitos e uma situação definida pelo chefe de Governo como sendo um “pesadelo”. Sánchez aposta em inúmeras medidas preventivas para que o novo normal mantenha a pandemia sob controle. Por exemplo, o uso da máscara continua sendo obrigatório quando não for possível manter uma distância de um metro e meio entre uma pessoa e outra. Há também regras rígidas de distanciamento em locais públicos, como as praias.

Desde ontem, os visitantes não são obrigados a seguir uma quarentena de 14 dias ao chegar ao país, mas terão que repassar informações de contato e endereço e serão submetidos à inspeção da temperatura corporal. Segundo a Presidência, 600 fiscais do Ministério da Saúde controlarão a chegada de turistas nos aeroportos e portos.

O movimento nas praias ontem sinalizou que a medida pode reaquecer o mercado. Os espanhóis também aproveitaram o primeiro dia de flexibilização do isolamento para visitar amigos, familiares e segundas residências em outras regiões. Está prevista para o próximo mês a autorização da visita de pessoas de fora da União Europeia. Os portugueses serão liberados a partir de 1º de julho.

Alemanha em alerta

Considerada um caso de sucesso no enfrentamento ao novo coronavírus, a Alemanha registra aumento no número de casos da covid-19. A taxa de reprodução de infecções subiu para 2,88, segundo o Instituto Robert Koch, bem acima do nível necessário para conter a pandemia a longo prazo — considera-se que um micro-organismo está sob controle quando o valor é abaixo de um. Há cidades em que a população tem resistido a obedecer ao isolamento. No fim de semana, moradores de um complexo predial em Goettingen entraram em confronto com a polícia porque não queriam seguir a quarenta imposta após a detecção de um surto da doença no local, onde moram mais de 700 pessoas.