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Maduro se diz disposto a dialogar com Trump, que só falaria sobre sua saída

Trump indicou em uma entrevista publicada domingo pelo portal Axios que está aberto para se encontrar com Maduro

Correio Braziliense
postado em 22/06/2020 20:46
Trump indicou em uma entrevista publicada domingo pelo portal Axios que está aberto para se encontrar com MaduroO presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira (22) que está "disposto" a conversar com seu colega americano, Donald Trump, depois que ele se mostrou aberto a se reunir com ele, embora tenha especificado que o faria apenas para discutir sua saída do poder. 

"No momento que for necessário, estou pronto para falar respeitosamente com o presidente Donald Trump", disse Maduro à agência de notícias estatal venezuelana AVN. 

Trump indicou em uma entrevista publicada domingo pelo portal Axios que está aberto para se encontrar com Maduro: "Eu sempre digo que pouco se perde com as reuniões. Mas até agora, eu as rejeitei".

No entanto, o presidente dos EUA postou nesta segunda-feira no Twitter que só encontraria Maduro para discutir "sua saída pacífica do poder". 

Trump acrescentou que sempre se posicionará "contra o socialismo" e a favor da liberdade do povo da Venezuela.

Maduro não fez referência ao esclarecimento de Trump. 

"Da mesma maneira que falei com (Joe) Biden, poderia falar com Trump", disse o governante socialista, referindo-se a uma reunião em 2015 com o democrata, atualmente candidato presidencial, que na época era vice-presidente do governo de Barack Obama.

Washington lidera desde janeiro de 2019 uma campanha internacional para destituir Maduro, cuja reeleição em maio de 2018 considera fraudulenta, em apoio ao chefe do parlamento Juan Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por cinquenta países. 

Guaidó, presidente da Assembleia Geral da Venezuela, se autoproclamou presidente interino do país em janeiro de 2019 e foi reconhecido como tal por cerca de 60 países liderados por Washington, que consideram ilegítimo o segundo governo de Maduro por irregularidades nas eleições de 2018.

Em fevereiro, Guaidó foi recebido por Trump na Casa Branca e foi ovacionado tanto por republicanos quanto por democratas durante o discurso anual do presidente sobre o estado da união no Capitólio.

Em março, Washington acusou Maduro de "narcoterrorismo" e ofereceu até 15 milhões de dólares por informação que permita sua prisão.

No entanto, na entrevista concedida à Axios, Trump expressou suas reservas com Guaidó e seu desempenho e "indicou que não tem muita confiança" nele.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, reiterou nesta segunda-feira que "nada mudou" e que Trump continua reconhecendo Guaidó como "o líder da Venezuela". 

- Eco na Flórida -

Faltando menos de cinco meses para as eleições presidenciais, o candidato democrata, Joe Biden, criticou Trump por sua postura frente à Venezuela e o acusou de admirar "assassinos e ditadores como Maduro". 

"Como presidente, vou estar ao lado do povo da Venezuela e da democracia", afirmou Biden no Twitter em comentário sobre a entrevista de Axios. 

O tema da Venezuela é importante na campanha presidencial americana, pois pode influenciar na votação na Flórida, um estado-chave apara assegurar a eleição, onde há uma importante população de latinos e venezuelanos sensíveis à questão.

Os Estados Unidos lideram desde janeiro de 2019 uma campanha internacional para tirar do poder Maduro, a quem atribui corrupção generalizada e graves abusos dos direitos humanos, assim como a crise econômica da ex-potência petroleira.

Mas apesar de uma bateria de sanções e um embargo de fato às exportações de petróleo, Maduro se mantém no poder graças ao apoio da hierarquia militar e de Cuba, Rússia e China.

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