Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 20:05
Riade, Arábia Saudita -A pandemia do novo coronavírus não para de acelerar, sobretudo na América Latina e também registra surtos graves como na Alemanha, onde as autoridades isolaram dois cantões onde vivem mais de 600.000 pessoas devido ao surgimento de novos focos.
Os moradores de Gütersloh e Warendorf, no oeste do país, terão novamente sua circulação e atividades limitados por uma semana para tentar conter a propagação do vírus, que afeta mais de 1.550 pessoas de um matadouro na região, embora eles não sejam obrigados a permanecer em suas casas.
Segundo uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais, a doença causou mais de 473.000 mortos em todo o mundo e provocou mais de 9,1 milhões de casos, e segue "acelerando", advertiu a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como prova do cenário preocupante, a organização destacou que um milhão de novos casos foram registrados no planeta em apenas oito dias, quando no início da propagação foram necessários três meses para atingir o primeiro milhão de contágios.
Na América Latina, o vírus continua avançando de forma muito rápida e acumula 2,1 milhões de infecções, das quais mais da metade corresponde ao Brasil.
- Pandemia e terremoto -
No gigante sul-americano, o segundo país mais afetado do mundo, um juiz determinou que o presidente Jair Bolsonaro, que minimizou a severidade da pandemia em várias ocasiões, deve usar uma máscara "em todos os locais públicos", sob pena de multa.
O Peru, o segundo país da região em número de infecções, com mais de 260.000 casos e mais de 8.400 mortes, está com os hospitais sobrecarregados e a sua economia recuou 13% nos primeiros quatro meses do ano. No meio deste cenário, foram realizados os primeiros protestos trabalhistas nesta terça-feira após 100 dias de confinamento.
Na Bolívia, que está passando por uma escalada que superou 25.000 infecções, a maioria dos hospitais que atendem pacientes com coronavírus está à beira do colapso, disseram autoridades e funcionários nesta terça.
A Argentina, país que já está em confinamento obrigatório há três meses e no qual a pandemia causou 44.918 infecções e 1.049 mortes, viu sua economia piorar, após dois anos de recessão.
Em Buenos Aires, onde 90% dos casos estão concentrados, várias empresas leiloam móveis e implementos, convencidos de que não poderão mais reabrir.
Como se a pandemia da COVID-19 deles não fosse suficiente, um terremoto atingiu o México nesta terça, deixando até o momento quatro mortos e poucos danos.
O país, com 127 milhões de habitantes, registra 185.122 casos e 22.584 mortes por pandemia.
- Fauci: EUA fará mais testes -
Os Estados Unidos, país mais afetado do mundo, com 2,3 milhões de casos e 120.000 mortes.
O principal especialista em doenças infecciosas do país, Anthony Fauci, disse nesta terça em uma audiência no Congresso que o presidente Donald Trump nunca pediu que ele parasse de fazer os testes de coronavírus, depois de comentários do presidente a esse respeito.
"Nenhum de nós foi instruído a reduzir os testes", disse Fauci sobre os esforços para mitigar a pandemia, que registra surtos em cerca de 20 estados.
"De fato, faremos mais testes", acrescentou.
- Baixa peregrinação a Meca -
O Hajj, um dos cinco pilares do Islã e uma das concentrações religiosas mais importantes do mundo, será realizado no final de junho em condições sem precedentes.
Apenas 1.000 fiéis da Arábia Saudita terão permissão para peregrinar, anunciaram as autoridades nesta terça, um número insignificante comparado aos 2,5 milhões de todo o mundo que viajaram em 2019.
Na Ásia, a Coreia do Sul admitiu nesta terça-feira que luta desde meados de maio contra uma segunda onda de contágios, com entre 35 e 50 novos casos por dia, sobretudo na região de Seul.
O temor de novos surtos também está presente na Europa. O anúncio da Alemanha sobre um novo confinamento ocorre um dia depois de Portugal reforçar medidas restritivas na região de Lisboa.
Outros países, no entanto, avançam nas etapas de abertura. O Reino Unido anunciou nesta terça-feira que restaurantes, hotéis, salões de beleza, cinemas e museus reabrirão as portas em 4 de julho.
A confirmação de que o sérvio Novak Djokovic, nº 1 no tênis mundial, e outros três jogadores testaram positivo para a COVID-19 após um torneio em Belgrado se tornou uma ameaça à programação do esporte.
O colapso econômico provocado pelo coronavírus está afundando o comércio mundial, que registrará um retrocesso "histórico" de 18,5% no segundo trimestre do ano.
Trata-se da queda "mais pronunciada de que temos conhecimento", disse o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, antes de destacar, no entanto, que "poderia ter sido muito pior" e que as políticas aplicadas pelos governos reduziram o tamanho da hecatombe.
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