Correio Braziliense
postado em 26/06/2020 09:12
A Justiça britânica sentenciou nesta sexta-feira (26/6) à prisão perpétua um jovem de 18 anos com distúrbios psicológicos que jogou em agosto passado um menino francês de seis anos do décimo andar do museu Tate Modern, em Londres.
Jonty Bravery, que tinha 17 anos na época dos fatos, havia se declarado culpado em dezembro de tentativa de homicídio, e o tribunal criminal de Old Bailey devia decidir enviá-lo para um hospital especializado ou, como ele escolheu, à prisão.
Em suas motivações, a presidente do tribunal manteve a premeditação e a periculosidade do acusado. Ela ressaltou a gravidade dos ferimentos sofridos pela vítima, cuja vida "nunca mais será a mesma".
"O que você fez e a maneira como agiu antes e depois dos fatos provam que você representa e continua a representar um sério perigo para a sociedade", declarou.
Em 4 de agosto de 2019, Jonty Bravery empurrou a criança, então com seis anos de idade, por cima da grade da plataforma de observação do museu de arte moderna localizado na margem sul do Tamisa.
O garoto caiu em um telhado no quinto andar, cerca de trinta metros abaixo. Sofreu uma hemorragia cerebral e múltiplas fraturas na coluna vertebral, pernas e braços.
"Não se sabe se ele se recuperará completamente", disse a promotora Deanna Heer na audiência de quinta-feira, onde o acusado apareceu por videoconferência do hospital de segurança máxima de Broadmoor (sul da Inglaterra).
"Sim, sou louco"
O acusado, que sofre de autismo e transtornos de personalidade, era atendido por uma instituição especializada.
Com comportamento violento, havia mostrado sinais de melhora nos meses que antecederam o crime, a ponto de beneficiar de saídas desacompanhado, por um período de quatro horas.
No dia do incidente, ele primeiro tentou comprar uma passagem para o mirante do Shard, o arranha-céu mais alto do Reino Unido. Mas não tinha dinheiro suficiente. Depois de perguntar onde encontrar um prédio alto nas proximidades, foi ao Tate Modern e sua plataforma aberta ao público.
Várias testemunhas descreveram o estranho comportamento do jovem, que foi em direção à criança que se afastara um pouco dos pais. Antes de perceber o que acabara de acontecer, o pai da criança por um momento acreditou ser uma piada, pensando que havia uma rede por baixo.
"Sim, eu sou louco", disse então Jonty Bravery diante de testemunhas atordoadas por seu "grande sorriso", braços erguidos e sua "calma" após o gesto. Ele foi cercado pelo público e depois preso.
Essa reação "chocante" teve origem no transtorno mental do acusado, segundo seu advogado, Philippa McAtasney.
De acordo com as informações coletadas durante a investigação, ele explicou que tinha ouvido vozes dizendo para ferir ou matar pessoas. Questionado sobre as razões de seu gesto, evocou "uma longa história".
"Não é minha culpa", mas dos serviços médicos e sociais que precisavam cuidar dele, declarou. Segundo ele, devia ser preso porque não havia recebido o tratamento correto.
Em uma declaração lida na audiência, os pais da vítima consideraram que "palavras não são suficientes para descrever o horror" dos atos do acusado. Vivendo na incerteza sobre o que será o futuro de seu filho, temem que ele nunca mais possa confiar em ninguém e que verá em alguém que é estranho uma "ameaça".
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.