Correio Braziliense
postado em 30/06/2020 09:06
O presidente Donald Trump foi informado por escrito em fevereiro sobre supostas recompensas oferecidas pela Rússia a milícias vinculadas aos talibãs para matar soldados americanos no Afeganistão, informou o jornal The New York Times, em uma nova reportagem que contradiz as alegações do chefe de Estado.
Trump está sob forte pressão para explicar as notícias que afirmam que ele foi informado sobre a ameaça, mas não fez nada a respeito.
O NYT, que cita dois funcionários do governo sob anonimato, assegura que o tema das recompensas russas foi incluído em uma versão escrita do resumo diário do presidente no fim de fevereiro. O canal CNN confirmou a história, mas afirma que o documento foi redigido na "primavera" (hemisfério norte, outono no Brasil).
O presidente é conhecido por não de forma regular o resumo diário, privilegiando as informações de emissoras conservadoras sobre os grandes assuntos do dia, mas alega que recebe resumos orais da inteligência até três vezes por semana.
Trump negou ter sido informado sobre a ameaça das recompensas, enquanto a Casa Branca afirmou na segunda-feira que o presidente não recebeu a informação porque o serviço de inteligência não a confirmou.
"Não há consenso na comunidade de Inteligência sobre essas alegações", declarou a secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, depois que a oposição democrata no Congresso exigiu um resumo do que Trump sabia e de quando soube.
"Os dados de inteligência são verificados antes de chegar ao presidente dos Estados Unidos. Neste caso, não foram comprovados", afirmou.
A Casa Branca informou a um pequeno grupo de congressistas republicanos sobre o tema nesta segunda-feira, mas os líderes democratas do Congresso pedem que todos os legisladores recebam as informações do serviço de inteligência.
Em carta endereçada ao diretor de Inteligência Nacional (DNI), John Ratcliffe, e à diretora da CIA, Gina Haspel, Pelosi disse: "as perguntas que surgem são: o presidente foi informado? E se não, por que não? E por que o Congresso não foi informado?".
O NYT, em um artigo anterior, confirmado por vários meios de comunicação americanos e britânicos, revelou na sexta-feira passada que os serviços de inteligência dos Estados Unidos concluíram que uma unidade de inteligência militar russa oferecia recompensas aos militantes ligados aos talibãs para matar tropas americanas que integram a força da coalizão liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão.
As recompensas foram supostamente incentivos para atacar as forças americanas, enquanto Trump tenta retirar tropas daquele país devastado pelo conflito, uma das principais demandas dos seus apoiadores, e terminar a guerra mais longa dos Estados Unidos.
Trump negou no domingo ter sido informado sobre este assunto, que trouxe à tona questionamentos sobre sua reticência em confrontar a Rússia.
"Os serviços de inteligência acabaram de me informar que não confirmaram essas informações e, portanto, não as reportaram a mim ou ao vice-presidente", Mike Pence, escreveu Trump no Twitter.
Segundo dados do Pentágono, nenhum membro das forças armadas dos Estados Unidos foi morto no Afeganistão desde o final de março.
Os talibãs negaram a reportagem e reiteraram que estavam comprometidos com um acordo assinado em 29 de fevereiro com Washington, que abre caminho para a retirada de todas as forças estrangeiras do Afeganistão no próximo ano.
A Rússia também negou as informações do Times, classificando-as de "sem fundamento".
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