Correio Braziliense
postado em 30/06/2020 11:35
O jornal americano "The New York Times" se tornou o veículo de comunicação de mais alto perfil a deixar o Apple News, argumentando que o serviço do gigante tecnológico não estava contribuindo para atingir suas metas de assinatura e comerciais.
Sua saída acontece no momento em que empresas de notícias de todo mundo enfrentam uma diminuição de leitores dos veículos impressos e um panorama desfavorável na Internet, em que a receita com publicidade é dominada pelo Google e pelo Facebook.
"O núcleo de um modelo saudável entre o Times e as plataformas é um caminho direto para levar esses leitores de volta para nosso entorno, onde controlamos a apresentação da nossa informação, as relações com nossos leitores e a natureza das nossas regras comerciais", explicou a chefe de Operações do "The New York Times", Meredith Kopit Levien, em um memorando aos funcionários nesta segunda-feira.
"Nossa relação com a Apple News não se ajusta a estes parâmetros", acrescentou ela na mesma comunicação, publicada pelo jornal.
Lançado em 2015, o aplicativo de notícias da Apple afirma ter o objetivo de "ajudar a promover as assinaturas dos veículos". Em 2019, a empresa californiana acrescentou o serviço por assinatura Apple News%2b, que compartilha a receita com os editores de jornais e revistas.
O app se define e promove como um serviço com conteúdo escolhido por humanos, e não por algoritmos, e conta com uma lista ampla de veículos, como The Wall Street Journal, The New Yorker, National Geographic, Vanity Fair, Sports Illustrated, entre outros.
O serviço não gerou a receita esperada por essas empresas, alega o NYT. Em seu comunicado, o jornal afirma que a Apple fica com 30% de cada assinatura vendida por seu aplicativo de notícias.
A saída do "The New York Times" do Apple News acontece depois de o Google ter anunciado planos, na semana passada, de pagar algumas empresas por seu conteúdo, após a pressão de governos e de grupos de mídia no mundo inteiro.
O Facebook também divulgou propostas similares nos últimos meses para se associar às empresas de comunicação.
Em um comunicado publicado no NYT, um porta-voz da Apple declara que o jornal oferecia "apenas (...) umas poucas matérias por dia" em seu serviço gratuito Apple News.
"Também estamos comprometidos com apoiar o jornalismo de qualidade, por meio dos modelos comerciais comprovados de publicidade, assinaturas e comercialização", acrescentou este porta-voz.
Embora a maioria dos veículos de comunicação em nível mundial esteja em crise, o "New York Times" se encontra em uma situação relativamente saudável. Apesar da redução de sua receita com publicidade, o jornal informou que superou, no mês passado, o total de seis milhões de assinaturas.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.