“Não há nada de surpreendente com relação à decisão europeia. O Brasil é, hoje, um dos dois países mais afetados pela pandemia. Ao mesmo tempo em que, sem qualquer respaldo científico ou numérico, as autoridades brasileiras, inclusive aqui no Distrito Federal, resolveram reabrir a economia — algo completamente absurdo.
Os europeus são informados sobre isso pelas embaixadas europeias que atuam aqui. As representações diplomáticas passam aos seus países o que nós, brasileiros, vemos a cada dia nas ruas: pessoas saindo sem que haja qualquer aparência de que estamos em uma pandemia, aglomeradas, muitas delas sem máscara.
O próprio presidente da República constantemente aparece sem máscara, e isso faz com que haja um total descaso com relação à contenção do problema. Acho a decisão europeia natural, previsível e, acima de tudo, acertada.
Se eu fosse europeu e essa decisão ocorresse, eu me sentiria protegido pelas minhas autoridades, porque os brasileiros, hoje, são uma fonte de contágio para o resto do mundo. Essas medidas irresponsáveis, tanto do governo federal quanto dos estaduais, vão cobrar um preço caríssimo em vidas e em isolamento dos brasileiros em relação ao resto do mundo”.
Juliano da Silva Cortinhas, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB)
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