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Rede de comunicação criptografada usada por crime organizado é desmantelada

A rede era usada para o tráfico de drogas, assassinatos, lavagem de dinheiro, extorsão e sequestros

Correio Braziliense
postado em 02/07/2020 11:10
Hacker quebra correntes com alicate.As autoridades judiciais e policiais da França e da Holanda anunciaram nesta quinta-feira (2/7) o desmantelamento de uma rede mundial de comunicações criptografadas, chamada EncroChat, usada quase que exclusivamente por organizações criminosas.

A rede era usada para o tráfico de drogas, assassinatos, lavagem de dinheiro, extorsão e sequestros.

A operação levou a "várias prisões" em vários países europeus e impediu que muitos crimes fossem cometidos, disseram em entrevista coletiva em Haia, na Holanda.

A investigação conjunta, sob comando do órgão europeu de cooperação judicial Eurojust, permitiu nos últimos meses interceptar e decifrar em tempo real "mais de 100 milhões de mensagens" entre criminosos, sem o seu conhecimento.

"É como se estivéssemos à mesa dos criminosos, ao vivo", resumiu Janine van den Berg, chefe de polícia holandesa, e "é isso que torna a investigação única".

"Usamos o fato de que os criminosos confiam cegamente na comunicação criptográfica e falam livremente", acrescentou seu colega Andy Kraag, comparando as informações com "uma mina de ouro que nos fornece evidências que nos custariam anos em tempo normal".

A interceptação das mensagens terminou em 13 de junho, quando a rede EncroChat percebeu, de acordo com uma mensagem de "alerta" a seus clientes, de que "entidades governamentais" se infiltraram "ilegalmente" e instou-os a descartar "imediatamente" seus celulares.

Segundo as autoridades, quase todos os clientes da EncroChat ("entre 90% e 100%") estão ligados ao crime organizado. Cerca de 50 mil desses telefones estavam em circulação em 2020. 

A partir de 2017, o instituto de investigação criminal da gendarmaria francesa detectou em suas operações o uso de telefones criptografados por criminosos e, desde então, vem trabalhando no grampo dessas comunicações.

Desde 2018, uma promotoria especializada de Lille (norte da França) lidera a investigação em razão da localização dos servidores garantindo o funcionamento da EncroCaht. 

Embora a França não queira dar detalhes das operações em andamento, as autoridades holandesas garantem que a investigação permitiu impedir a prática de "dezenas de atos criminosos violentos", incluindo sequestros, assassinatos e tiroteios.

"É surpreendente quão fácil e sem escrúpulos esses atos criminosos graves são discutidos e planejados" na EncroChat, disseram.

Na Holanda, a investigação permitiu a prisão de "mais de 100 suspeitos", a apreensão de "mais de 8.000 quilos de cocaína e 1,2 toneladas de metanfetamina" e o desmantelamento de "19 laboratórios de drogas sintéticas".

Além disso, as autoridades holandesas apreenderam "dezenas de armas de fogo automáticas", "relógios de luxo", "25 veículos" e "quase 25 milhões de euros [US$ 28 milhões] em dinheiro". 

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