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Maduro sem ouro e sem gasolina

recuperação de 31t do metal, enquanto Washington anuncia ordem para confiscar carregamento de navios petrolíferos enviados pelo Irã

Correio Braziliense
postado em 03/07/2020 04:15
De máscara, o líder chavista discursa durante cerimônia militar, em Caracas: vitória de Guaidó na Justiça britânica


Em poucas horas, duas grandes barreiras ergueram-se à frente do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. No primeiro revés, a Alta Corte de Londres atendeu a um pedido do líder opositor Juan Guaidó e impediu que 31 toneladas de ouro venezuelano depositadas no Banco da Inglaterra (BoE) sejam recuperadas pelo Palácio de Miraflores. Mais tarde, foi a vez de os Estados Unidos emitirem uma ordem de confisco da carga de quatro petroleiros que transportam gasolina do Irã para a Venezuela, o que deverá aprofundar ainda mais a crise entre os três países, já em rota de colisão.

Caracas anunciou que vai recorrer da decisão de Londres. Nela, o juiz Nigel Teare assinalou que a apelação de Guaidó deveria ser acolhida porque o governo britânico reconhece o opositor como presidente constitucional interino da Venezuela. Além do Reino Unido, 50 países admitem o adversário de Maduro como chefe de Estado interino.

O governo de Maduro tenta há mais de um ano e meio, sem sucesso, recuperar as 31 toneladas de ouro, avaliadas em quase US$ bilhão, guardadas nos cofres do BoE. Os advogados da diretoria do Banco Central da Venezuela (BCV), presidido por Calixto Ortega, anunciaram imediatamente a apelação, por considerar que a sentença “ignora por completo a realidade da situação no terreno”.

Guaidó escreveu duas vezes às autoridades britânicas para pedir que não entregassem os lingotes ao governo do líder chavista. A representante de Guaidó em Londres, Vanessa Neumann, afirmou que sua única “intenção, agora, como sempre, é resguardar o ouro da reserva nacional para o povo venezuelano”.

Terrorismo

Mais tarde, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou a ordem de confisco da gasolina iraniana, resultado de uma ação apresentada ante a corte federal para o Distrito de Columbia.  Os fiscais alegam que o carregamento — distribuído nos navios Bella, Bering, Pandi e Luna —  envolve afiliados aos Guardiões da Revolução do Irã, que consta na lista americana de “organizações terroristas estrangeiras”.

Citando uma “fonte confidencial”, a ação judicial aponta que Mahmoud Madanipur, ligado à guarda revolucionária, organizou as remessas de gasolina à Venezuela, usando companhias offshore e transferências de embarcação a embarcação, para driblar as sanções americanas contra o Irã.

“Os ganhos com a venda de petróleo respaldam toda a gama de atividades nefastas dos Guardiões da Revolução, como a proliferação de armas de destruição em massa e suas formas de distribuição, o apoio ao terrorismo e vários abusos contra os direitos humanos, no país e no exterior”, diz o comunicado do Departamento de Justiça.

A ordem de apreensão, emitida pelo juiz federal James Boasberg, determina que toda a gasolina iraniana seja levada sob jurisdição exclusiva da corte federal para o Distrito de Columbia. Mas não informa como o governo americano prevê confiscar a carga.

Desde a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irã, em 2018, o governo de Donald Trump voltou a impor duras sanções contra a República Islâmica. Caracas, aliada de Teerã, também é alvo de uma bateria de medidas punitivas de Washington, que considera o governo de Nicolás Maduro ilegítimo.



US$ 1 bilhão
valor estimado do ouro depositado no Banco da Inglaterra 
 
 
 
 
 

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