Mundo

À espera da quarta onda: como temos vivido na era covid

Correio Braziliense
postado em 05/07/2020 04:06
Desde que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) invadiu nossas vidas, nossas rotinas foram estremecidas. A maneira com a qual nos relacionávamos com tudo ao nosso redor não poderia ser mais a mesma. Como entender, em tão pouco tempo, que os almoços de domingo seriam proibidos? Os abraços afetuosos da nossa cultura seriam extintos?

De repente, como se não pudéssemos imaginar em qualquer história relatada, os beijos seriam imaginários, os contatos físicos teriam ao menos 1,5m de distância, os sorrisos passariam a ser expressos por de trás das máscaras. O famoso e tão familiarizado aperto de mãos seriam substituídos por acenos.

Reaprendemos a nos relacionar e a nos respeitar. Sobretudo, as populações consideradas de risco, como os idosos. Para esses grupos mais vulneráveis, a indicação é clara: isolamento social. Sem flexibilização, mesmo que as suas cidades tenham iniciado a retomada das atividades. E, nesse cenário, é importante conhecermos como estão as emoções desses idosos. Agora, passados mais de 100 dias, temos nos questionado: como será o pós-pandemia? Será que voltaremos ao normal? Acredito que a covid-19 vem sendo um verdadeiro divisor de águas para a humanidade. Ainda não sabemos ao certo quanto ao dia que deteremos o conhecimento científico determinante para encontrar a vacina que nos imunizará contra o vírus da covid-19.

Será que estamos preparados para a chamada quarta onda? Será que temos a dimensão do impacto provocado por todo esse novo contexto para a nossa saúde mental? É exatamente aí, na gestão das emoções, que temos uma grande lacuna. Ansiedade, depressão, que já eram considerados grandes males do nosso século, tomaram proporções talvez tão pandêmicas, quanto a própria covid.

Precisamos falar mais uns com os outros, acalmar nossas ansiedades e entendermos que as epidemias têm fim. Uns sentem de maneira diferente dos outros, mas, assim como nas revoluções e nas guerras, as pandemias nos geram medo e a certeza de que precisamos, no otimismo, nos reconstruir e conviver a cada dia com serenidade e resiliência.

Maisa Kairalla, médica geriatra e coordenadora da Comissão Especial Covid-19 da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia


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