Mundo

Três perguntas para Magali Meirelles

Correio Braziliense
postado em 05/07/2020 04:06
membro da diretoria da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal



Quais hábitos preventivos as pessoas deverão manter após a pandemia?
Após a fase de pandemia, o vírus continuará circulando na comunidade. A intensidade dessa circulação será menor, pois haverá algum grau da chamada “imunidade de rebanho”, que se traduz na proteção que indivíduos imunizados conferem àqueles não imunizados na dinâmica da disseminação do vírus entre as pessoas. De qualquer maneira, antes do fim da pandemia, ainda viveremos uma fase de defervescência da mesma, em que os cuidados de prevenção seguirão tendo muita importância para que possamos sair dessa situação da melhor forma possível. O retorno das atividades deve ser gradual e adaptado à nova realidade, pois o fim da pandemia não será um evento pontual, dependerá do comportamento do vírus e também da sociedade, e os cuidados devem ser tomados até que seja decretado o fim da pandemia.

O brasileiro gosta muito de abraçar, beijar as pessoas — mesmo as que acabou de conhecer. Teremos de adaptar essas manifestações de afeto? 
É possível que parte dos brasileiros, após esses meses de adaptação à realidade da pandemia, adquira uma visão mais cuidadosa quanto à interação social, evitando contatos desnecessários. Mas sabemos que a natureza da nossa população não é essa. Esse comportamento social mais distanciado ainda será necessário por um tempo, até o controle da doença.

Do ponto de vista da saúde pública, quais principais medidas que governos precisarão implementar para vigilância, prevenção e preparo para o enfrentamento de situações semelhantes?
A experiência com a pandemia de covid-19 mostrou a importância de um sistema de saúde bem estruturado. Os governos precisam seguir priorizando essa questão, que é essencial para a sociedade, mesmo fora do contexto de pandemia. Também é importante fortalecer o sistema de vigilância epidemiológica, para a detecção precoce de surtos e epidemias, além do monitoramento de rotina das doenças de importância epidemiológica no país e no mundo. Programas de educação em saúde, focando na instrução da população quanto à prevenção de doenças transmissíveis, assim como a realização de pesquisas e adoção de vacinas nos calendários nacionais também fazem parte das ações que colaboram no enfrentamento de desafios da saúde pública. Além disso, saneamento adequado sempre faz parte de qualquer planejamento em saúde, pois várias doenças transmissíveis podem ser potencializadas por falta de saneamento básico.


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