Mundo

Alemanha luta para voltar à normalidade após o fim do confinamento

Quase dois meses após o início do desconfinamento, o país continua operando lentamente

Correio Braziliense
postado em 06/07/2020 10:09

Restaurante em BerlimA agitação é pequena na área externa do Zen Kitchen em Berlim. Apenas alguns clientes aguardam seus pedidos neste restaurante da capital da Alemanha, um dos países menos afetados da Europa pela pandemia do coronavírus e um dos primeiros a suspender o confinamento.

 

"Recuperamos apenas entre 20% e 30% de nossa clientela desde que o restaurante foi reaberto", diz Vu, chefe deste pequeno estabelecimento asiático perto da famosa avenida Unter Den Linden, no centro de Berlim.

 

A Alemanha é um dos países da Europa menos afetados pela COVID-19, foi um dos primeiros a suspender as medidas de confinamento e um dos que gastaram mais dinheiro para apoiar sua economia. A convalescença deste paciente "modelo" é observada com atenção pelo resto do continente.

 

E o resultado é moderado: quase dois meses após o início do desconfinamento, o país continua operando lentamente e o setor de gastronomia é apenas a ponta do iceberg.

 

O governo de Angela Merkel espera um retorno ao crescimento "após as férias de verão" e "no mais tardar em outubro", segundo o ministro da Economia, Peter Atmaier, no jornal Bild no domingo. 

 

A mesma perspectiva para o desemprego, que continuará a crescer em nível recorde até outubro, antes de "cair a partir de novembro", de acordo com o ministro.

 

A poucos quilômetros do restaurante asiático, o centro histórico de San Nicolás e seu labirinto de ruas também está quase vazio.

 

"Nosso faturamento ainda está em queda livre", diz Sylke Oehler, proprietária do café-restaurante Alte Zicke.

 

- "Situação dramática" -

"A situação é dramática", resume a federação alemã de hotéis e restaurantes DEHOGA.

 

Os restaurantes alemães esperam uma queda média de 60% de sua receita em um ano para o mês de junho. 

 

"Os clientes voltam muito lentamente", suspira Sahin Ciftci, proprietário da pizzaria Zeuss no movimentado bairro de Friedrichshain.

 

"As pessoas ainda têm medo de entrar", acrescenta, parado no meio de seu estabelecimento ainda vazio quando é quase meio-dia.

 

Distância física, registro de clientes, medidas de higiene: novos custos foram adicionados. 

 

Como resultado, o setor teme uma onda sem precedentes de falências. "Sem o apoio do Estado, cerca de 70.000 empresas estão à beira da ruína", afirmou a federação. 

 

Em meados de junho, o governo alemão introduziu ajuda financeira específica para esse setor. Os estabelecimentos mais afetados receberam até 150.000 euros.

 

Mas "a ajuda deve ser aberta a todos os restaurantes", disse o presidente da organização, Guido Zollick, à AFP.

 

O governo conta reduzir o imposto sobre valor agregado de 7% para 5% até 31 de dezembro de 2020, para trazer os clientes de volta às lojas.

 

Mas muitos profissionais contam especialmente com o retorno dos turistas durante as férias de verão e a reabertura progressiva das fronteiras.

 

A dois passos do Portão de Brandenburgo, um monumento emblemático da capital alemã, viajantes, essencialmente europeus, se amontoam no saguão do prestigiado hotel Adlon.

 

"A recuperação está aqui. É lenta, mas contínua", assegura Sebastien Riewe, diretor de vendas deste hotel de luxo que data de mais de um século. 

 

Atrás do balcão de seu café-restaurante, Sylke Oehler compartilha essa esperança: "Os turistas vão chegar em breve, com certeza".

 

Por enquanto, tenta como pode atrair clientes locais. "Fiz panfletos, falei na rádio e até cozinhei novos bolos que chamei de corona-cakes". 

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