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OMS admite transmissão aérea


Atendendo a recomendação de um grupo de mais de 200 cientistas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu, pela primeira vez, o risco de transmissão aérea do Sars-CoV-2. Até agora, a agência da ONU considerava apenas a inalação de gotículas expiradas por pessoas infectadas como forma de contágio. Diante da pressão de pesquisadores — que, na segunda-feira, divulgaram uma carta em que citam inúmeros estudos sobre a possibilidade de o coronavírus ser transmitido pelo ar em ambientes internos — a agência incluiu, ontem, a informação na sessão de perguntas e respostas de sua página na internet.

“Tem sido reportados surtos da covid-19 em alguns locais fechados, como restaurantes, boates, locais de trabalho ou ambientes em que as pessoas possam estar gritando, falando ou cantando”, diz o novo texto. “Nesses surtos, a transmissão aerossol, particularmente nas localidades internas em que há aglomeração e espaços inadequadamente ventilados, onde pessoas infectadas passam longos períodos com outros, não pode ser descartada. Mais estudos são necessários urgentemente para investigar essas instâncias e garantir sua significância para a transmissão da covid-19.”

A OMS vinha sendo fortemente criticada por ignorar as muitas pesquisas sobre essa possibilidade de contágio. “Na comunidade científica, estamos focados na compreensão total e detalhada dessa questão (a transmissão aérea) para fornecer informações acuradas a médicos e formuladores de políticas públicas”, diz Brent Williams, especialista em aerossóis da Universidade de Washington em St. Louis e um dos signatários da carta. “A OMS e outras organizações de saúde pública ainda insistem muito em suas diretrizes atuais nas práticas de lavar a mão, manter distanciamento e ter cuidado com partículas a curtas distâncias (um perímetro de 2m). Porém, nós sabemos que gotículas provenientes da fala, da tosse etc. geram partículas que, rapidamente, encolhem para tamanhos menores e podem ficar suspensas no ar por muito tempo, em escala de horas, e serem transportadas por longas distâncias, por exemplo, uma casa inteira.” (PO)