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Coronavírus volta a estremecer relações comerciais entre EUA e China

Em viagem à Flórida, republicano diz que pandemia do novo coronavírus deixou as relações com Pequim ''seriamente prejudicadas'' e admite não avançar no pacto comercial

Correio Braziliense
postado em 11/07/2020 07:00
De olho na reeleição, presidente americano pretende intensificar eventos públicos: desvantagemEm campanha à reeleição, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump visitou, ontem, a Flórida, um dos estados do país mais castigados pelo novo coronavírus. A bordo do Air Force One, o magnata republicano conversou com jornalistas sobre a deterioração das relações com a China, onde o Sars-CoV-2 surgiu, em dezembro do ano passado. Trump, cujas ações de enfrentamento à covid-19 são reprovadas por 67% dos norte-americanos, disse que não está considerando uma segunda fase do acordo comercial assinado em janeiro com Pequim.

“As relações com a China foram seriamente prejudicadas. Eles poderiam ter parado a praga e não o fizeram”, voltou a denunciar o presidente. Trump acusa as autoridades chinesas de demorar a alertar o mundo sobre a epidemia e diz que elas são responsáveis pela propagação do vírus. Os Estados Unidos são o país com o maior número de mortos pela covid, superando 133 mil.

Ao ser perguntado se pretendia avançar para a segunda fase do acordo comercial, Trump respondeu: “Honestamente, tenho muitas outras coisas em mente”. No pacto alcançado em janeiro, os Estados Unidos prometeram suspender a aplicação de novas tarifas e a China acertou o aumento de suas compras de produtos americanos em quase US$ 200 bilhões em dois anos, em relação aos níveis de 2017.

Com a pandemia, contudo, veio o impasse. Trump, por algumas vezes, chegou a se referir ao novo coronavírus como vírus chinês por ter surgido no gigante asiático. Em junho, diante dos confrontos, um conselheiro do governo de Xi Jinping reconheceu que a crise teria consequências no avanço do acordo.

Campanha


Os efeitos da pandemia, que desestabilizou a economia, também são sentidos na campanha eleitoral de Trump, que pretende intensificar eventos públicos para agradar sua base e garantir votos. E a Flórida, um estado com volatilidade eleitoral, é fundamental para vencer a disputa. Trump espera obter votos não apenas dos exilados cubanos, mas também da diáspora venezuelana de Miami, que busca cada vez mais a saída do poder de Nicolás Maduro.
O candidato democrata, Joe Biden, que está 5 pontos à frente de Trump na Flórida, criticou a viagem do presidente, não apenas por sua gestão da pandemia, mas por sua resposta à crise na Venezuela, também intimamente ligada à situação em Cuba, aliada de Caracas.

O ex-vice de Barack Obama lembrou declarações recentes de Trump ao site Axios, dizendo estar aberto a um encontro com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que ele chama de ditador. “Mas, quando chegar a Doral, certamente não mencionará sua vontade declarada de encontrar Maduro”, disse Biden.

Trump comunicou pelo Twitter e pela Casa Branca que, eventualmente, poderá se encontrar com o chavista, mas apenas para discutir “sua saída pacífica do poder”. O simples fato de ele avaliar essa possibilidade acirrou os ânimos. José Antonio Colina, presidente do grupo de políticos perseguidos venezuelanos exilados em Miami, disse que se Trump algum dia encontrar Maduro, “ele vai perder a Flórida”.

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