Correio Braziliense
postado em 16/07/2020 04:10
A família de George Floyd, o afro-americano asfixiado até a morte por um policial branco no fim de maio, decidiu processar a cidade de Minneapolis, onde ocorreu o crime, apontando que houve negligência no episódio. “Não foi apenas o joelho do policial Derek Chauvin no pescoço de George Floyd por oito minutos e 46 segundos, mas o joelho de todo o Departamento de Polícia de Minneapolis no pescoço de George Floyd que o matou”, enfatizou o advogado Benjamin Crump, em frente ao Tribunal do Distrito Federal da cidade, após ajuizar a ação indenizatória.
O assassinato de Floyd, em 25 de maio, deflagrou uma onda de manifestações antirracistas que varreu os Estados Unidos e alcançou países de todos os continentes. Os quatro agentes envolvidos na abordagem a Floyd, acusado de tentar passar uma nota falsa de US$ 20 em um supermercado, foram demitidos e respondem a processos criminais. Eles também são alvo da ação civil.
A família de Floyd, um segurança de 46 anos, não informou quanto está pedindo em danos. Especialistas em direitos civis estimam que o processo tem potencial de resultar em uma indenização de milhões de dólares se conseguir provar que as políticas da cidade são culpadas pelo comportamento de Chauvin e dos outros policiais envolvidos.
Precedente
Uma decisão judicial recente fortalece a iniciativa dos Floyds. Em maio do ano passado, Minneapolis foi condenada a pagar US$ 20 milhões à família de uma professora de ioga, morta por um policial quando estava sentada em seu carro.
“A cidade de Minneapolis tem um histórico de políticas e procedimentos com indiferença deliberada no tratamento a detidos, especialmente homens negros”, ressaltou Crump.
O advogado assinalou que o assassinato de George Floyd pode se tornar um marco para encerrar um ciclo de violência. “Com esse processo, procuramos estabelecer um precedente para tornar financeiramente proibitivo para que a polícia não mate injustamente pessoas marginalizadas, especialmente pessoas negras, no futuro”, disse o advogado.
Para ele, trata-se de “um ponto de inflexão” para o policiamento no país. “Enquanto toda a América está lidando com a crise de saúde pública da epidemia do coronavírus, a América negra tem que lidar com outra pandemia de saúde pública, a da brutalidade policial”, afirmou.
Grande parte do país e do mundo ficou chocada com um vídeo de um espectador que mostrava o segurança implorando por sua vida. “Não consigo respirar”, repetiu algumas vezes antes de morrer.
Derek Chauvin, 44 anos, foi demitido e está em uma prisão de segurança máxima em Stillwater, Minnesota, onde aguarda julgamento por várias acusações de homicídio. Ele trabalhou no Departamento de Polícia de Minneapolis por quase 19 anos. Durante esse período, pelo menos 17 investigações foram abertas sobre suas ações, mas só houve consequências em dois casos, nos quais recebeu cartas de repreensão.
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