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Ex-chefe da Pemex ligado à Odebrecht chega ao México extraditado da Espanha

Ele foi detido em fevereiro passado, em Málaga, sul da Espanha

Correio Braziliense
postado em 17/07/2020 09:10
Emilio Lozoya sendo transferido para o escritório da Procuradoria Geral após sua extradição da EspanhaMéxico, México - O ex-diretor da estatal Pemex Emilio Lozoya chegou ao México nesta sexta-feira (17), extraditado da Espanha com a promessa de colaborar na investigação dos subornos que teria recebido da construtora brasileira Odebrecht, o que pode colocar outros políticos na mira da Justiça.

O avião que transferiu Lozoya de Madri aterrissou à 00h43 local (2h43 no horário de Brasília), no aeroporto da Cidade do México, onde a Procuradoria Geral montou um forte dispositivo de segurança, conforme verificado pela AFP.

Lozoya, de 45 anos, passou por uma revisão médica na chegada, de acordo com os protocolos de transferência de detidos. Deve ser levado para uma prisão no norte da capital, onde seu caso está aberto.

O ex-diretor da Petróleos Mexicanos (Pemex) deve responder por suspeita de administrar subornos de US$ 4 milhões da Odebrecht. Este valor teria sido destinado à campanha do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que levou Enrique Peña Nieto à Presidência do México (2012-2018).

Ele é o único ex-funcionário mexicano detido no âmbito da rede de suborno tecida pela Odebrecht em vários países da América Latina em troca de contratos de obras públicas. 

Também é exigido pela Justiça mexicana para que esclareça a compra, por parte da Pemex, de uma antiga fábrica de fertilizantes por quase US$ 500 milhões, preço considerado excessivo, uma vez que a instalação não era usada há 14 anos.

Seu paradeiro era desconhecido desde meados de 2019. Ele foi detido em fevereiro passado, em Málaga, sul da Espanha.

Economista e advogado, Lozoya foi responsável pelos assuntos internacionais da campanha Peña Nieto e chegou à liderança da Pemex em 2012. Deixou o cargo em 2016, em meio às primeiras revelações que o vinculavam à Odebrecht. À época, a Procuradoria Geral não aprofundou a investigação.
 
 

Disposto a falar 

 
No final de junho, Lozoya concordou em ser extraditado para o México e, segundo a Procuradoria Geral, está disposto a colaborar com a Justiça.

"Há um compromisso de que vai informar sobre o que aconteceu, sobre as supostas fraudes pelas quais é acusado, e ele vai falar, acho, da Odebrecht (...) e de outros tipos de crimes", afirmou o presidente Andrés Manuel López Obrador, em sua entrevista coletiva matinal na quinta-feira.

O julgamento do ex-diretor da Pemex pode trazer à tona o nome de outros funcionários de alto escalão, desde ex-ministros até o próprio Peña Nieto, pelo escândalo da Odebrecht e pela compra da fábrica de fertilizantes.

López Obrador disse ainda que Lozoya poderá esclarecer se os legisladores receberam do governo Peña Nieto algum suborno para aprovar, em 2012, uma reforma que abriu o setor de energia para o capital privado após 75 anos de monopólio estatal.

Emilio Lozoya foi transferido no mesmo avião usado para a extradição para os Estados Unidos, em janeiro de 2017, do narcotraficante Joaquín "el Chapo" Guzmán.

Devido à pandemia da covid-19, a apresentação de Lozoya perante um juiz federal será realizada a portas fechadas. A Justiça divulgará informações por meio de um aplicativo de mensagens.

Saiba Mais

Sua esposa, irmã e mãe também foram citadas como supostas participantes da trama de propinas da Odebrecht. Gilda Austin, a mãe, é a única que está detida e se encontra em prisão domiciliar desde novembro.

O empresário Alonso Ancira, diretor da Altos Hornos, empresa que vendeu a fábrica de fertilizantes, também foi preso na Espanha e enfrenta um processo de extradição que ainda está pendente de execução.

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