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Negociador europeu considera acordo pós-Brexit 'pouco provável' nessa etapa

Michel Barnier ressaltou que "pouco progresso" foi feito em duas questões cruciais: condições de concorrência e pesca

Correio Braziliense
postado em 23/07/2020 12:23
O negociador-chefe do Brexit da UE, Michel Barnier, chega com uma máscara facial como precaução contra a propagação do novo coronavírus na Europe House, sede da delegação da UE no Reino Unido, em Londres, nesta quinta-feira.O negociador europeu Michel Barnier considerou, nesta quinta-feira (23/7), "pouco provável" que os 27 membros da União Europeia (UE) e o Reino Unido alcancem, nessa etapa, um acordo comercial como parte das negociações sobre seu relacionamento pós-Brexit.

Ao final de uma nova rodada de negociações em Londres, Barnier ressaltou que "pouco progresso" foi feito em duas questões cruciais: condições de concorrência e pesca.

"Por sua atual recusa em se comprometer com as condições de uma concorrência leal e com um acordo equilibrado sobre a pesca, o Reino Unido torna improvável um acordo comercial nesta fase", disse o negociador europeu durante uma coletiva de imprensa. 

Seu colega britânico, David Frost, lamentou, por sua vez, que nenhum acordo foi encontrado antes do final de julho, como esperava o primeiro-ministro Boris Johnson.

"Infelizmente, está claro que não seremos capazes de concluir em julho 'o acordo preliminar sobre os princípios subjacentes a um acordo', que havíamos estabelecido como meta" nas discussões, disse David Frost em um comunicado.

"Ainda existem divergências consideráveis nas áreas mais difíceis, como condições equitativas de concorrência e pesca", ressaltou David Frost. 

Em um primeiro momento, o primeiro-ministro Boris Johnson expressou sua disposição para concluir as negociações até o final de julho, considerando desnecessário continuar as discussões até o outono.

Mas pandemia do novo coronavírus travou o diálogo e as intensas semanas de negociações em junho não conseguiram fazer a situação avançar.

Após 47 anos de uma união conflituosa, o Reino Unido deixou a UE em 31 de janeiro, mas o país tem até o final do período de transição, marcado para 31 de dezembro, para concluir um acordo comercial com seu antigo parceiro. 

Se a UE e o Reino Unido não puderem chegar a um acordo, suas relações comerciais passarão a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), com suas altas tarifas. 

Tal cenário passaria a valer a partir de janeiro de 2021.

Na semana passada, Londres apresentou os detalhes de suas primeiras propostas sobre o gerenciamento de suas fronteiras após o Brexit, insistindo que entrariam em vigor, independentemente do acordo alcançado com Bruxelas.

O projeto, que prevê uma aplicação gradual da lei de fronteiras durante os primeiros seis meses de 2021, foi amplamente criticado em razão do aumento dos custos que implicará e por sua complexidade burocrática.

Assim, o setor de transporte de mercadorias considerou que, de acordo com as novas regras, três quartos das transportadoras britânicas podem não ter as autorizações necessárias para transportar mercadorias no Reino Unido se britânicos e europeus não conseguirem chegar a um acordo. 

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