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EUA acusa Rússia de testar arma antissatélites no espaço

Segundo os Estados Unidos, além de destruir satélites, arma também poderia roubar informações do satélite de terceiros; Rússia diz apoiar 'desmilitarização total do espaço'

Correio Braziliense
postado em 24/07/2020 15:53
Projeto Satelite - SGDC
Os Estados Unidos acusaram a Rússia nesta quinta-feira (23/7) de testar uma arma que poderia ser usada para destruir satélites no espaço e se mostraram preocupados com uma ameaça considerada "real, séria e crescente".

A Força Especial americana "tem provas" de que Moscou "realizou um teste não destrutivo com uma arma antissatélite do espaço" em 15 de julho, informou em um comunicado.

"O teste da semana passada é um novo exemplo de que as ameaças contra as instalações espaciais dos Estados Unidos e seus aliados são reais, sérias e crescentes", acrescentou a Força Espacial.

"É inaceitável", tuitou o negociador americano para o desarmamento, Marshall Billingslea, que afirmou que abordará este "grave problema" na próxima semana, em Viena, durante conversas para substituir o tratado bilateral New Start sobre a limitação do número de ogivas nucleares nos Estados Unidos e na Rússia.

Após essas acusações, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse nesta sexta que a Rússia apoia "a desmilitarização total do espaço". 

O que diz os Estados Unidos 

De acordo com o Comando Espacial dos Estados Unidos, a Rússia colocou um objeto em órbita a partir do satélite Cosmos 2543 que, segundo informações da mídia estatal russa, foi implantado por outro satélite, o Cosmos 2542, lançado em 25 de novembro de 2019 pelo Exército russo.

O Ministério da Defesa afirmou que o satélite pretende "monitorar o estado dos satélites russos", mas o jornal estatal "Rossiyskaya Gazeta" disse que tem a capacidade de "obter informações dos satélites de terceiros".

O sistema usado na prova da semana passada é o mesmo sobre o qual a Força Espacial americana alertou há meses, quando a Rússia se aproximou de um satélite do governo americano, declarou o general Jay Raymond, que dirige esta ramificação das Forças Armadas.

"Trata-se de uma nova prova dos esforços constantes da Rússia para desenvolver e testar sistemas do espaço, de acordo com a doutrina militar do Kremlin, que quer recorrer a armas que mantenham as instalações nos Estados Unidos e seus aliados sob ameaça", acrescentou Raymond, citado no comunicado. 

Saiba Mais

É o exemplo mais recente de satélites russos que realizam missões "inconsistentes com a missão declarada", acrescentou.

"Este caso destaca a defesa hipócrita da Rússia sobre o controle de armas no espaço", disse o subsecretário de Estado americano para o Controle de Armas, Christopher Ford. 

Rivalidade no espaço 

O conflito entre Washington e Moscou ocorre logo após a China lançar, na quinta-feira, um veículo que explorará a superfície de Marte. A missão coincide com outra semelhante dos EUA, um sinal de que as potências estão levando sua rivalidade para o espaço.

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