Correio Braziliense
postado em 25/07/2020 04:14
Um grupo de cientistas americanos conseguiu identificar 21 medicamentos desenvolvidos para tratar outras doenças e que podem ajudar no tratamento da covid-19. Todos impedem que o Sars-CoV-2 se dissemine em células humanas. No trabalho, publicado na última edição da revista britânica Nature, os investigadores também observaram que quatro desses compostos funcionam sinergicamente com o remdesivir, um antiviral que já vem sendo testada contra o novo coronavírus.
Para chegar às drogas promissoras, a equipe analisou uma das maiores coleções mundiais de medicamentos, com cerca de 12 mil moléculas, sendo mais de 100 conhecidas pela atividade antiviral. Testes laboratoriais mostraram 21 com potencial para bloquear a replicação do Sars-CoV-2 e cujas doses podem ser administradas em pacientes de forma segura.
“Esse estudo expande significativamente as possíveis opções terapêuticas para pacientes com covid-19, especialmente porque muitas das moléculas já têm segurança clínica em humanos. Esse relatório fornece à comunidade científica um arsenal maior de armas em potencial que podem ajudar a reduzir consideravelmente a pandemia global em curso”, enfatiza, em comunicado, Sumit Chanda, diretor do Programa de Imunidade e Patogênese do Instituto de Pesquisa Médica Sanford Burnham Prebys, nos Estados Unidos, e autor sênior do estudo.
A equipe realizou extensos testes e estudos de validação, incluindo avaliação dos medicamentos em biópsias de pulmões humanos feitas em infectados pelo vírus, análises com diferentes dosagens das drogas, medição constante da atividade antiviral e avaliação das drogas em busca de sinergias com o remdesivir. “O remdesivir provou ser bem-sucedido em reduzir o tempo de recuperação de pacientes no hospital, mas não funciona para todos que o recebem. Isso não é bom o suficiente”, justifica Sumit Chanda
Todos os 21 compostos estão sendo testados em modelos de pequenos animais e minipulmões, estruturas desenvolvidas em laboratório que imitam o tecido humano do órgão. De acordo com os autores da pesquisa, se os resultados dessa etapa forem favoráveis, a eles entrarão m contato com a FDA, a agência de vigilância sanitária americana, para discutir a realização de ensaios clínicos, com humanos.
“Com base em nossa análise atual, temos quatro medicamentos que, no momento, representam as melhores opções de curto prazo para um tratamento eficaz para a covid-19. Mas não queremos descartar as outras opções, pois acreditamos que é importante buscar candidatos a medicamentos adicionais e, dessa forma, termos várias opções terapêuticas caso o Sars-CoV-2 se torne resistente”, adianta Chanda. As quatro drogas mais promissoras são: clofazimina, hanfangchin A, apilimod e ONO 5334.
Soma de vantagens
Treze dos medicamentos são avaliados em testes com humanos, mas para o tratamento de outras drogas. Dois deles, foram aprovados pela FDA: o astemizol (contra alergias) e a clofazamina (contra hanseníase). Segundo Sumit Chanda, essas características deixam o cenário ainda mais promissor, já que a segurança do uso clínico de muitas dessas drogas está sendo avaliada ou já foi.
Em um momento de crise sanitária, todo o tempo ganho em pesquisas pode fazer a diferença. “Como as taxas de infecção continuam a aumentar na América e no mundo, permanece a urgência de encontrar medicamentos acessíveis, eficazes e prontamente disponíveis que possam complementar o uso do remdesivir, bem como medicamentos que possam ser administrados profilaticamente ou ao primeiro sinal de infecção ambulatorial”, justifica.
"Esse estudo expande significativamente as possíveis opções terapêuticas para pacientes com covid-19, especialmente porque muitas das moléculas já têm segurança clínica em humanos”
Sumit Chanda, diretor do Programa de Imunidade e Patogênese do Instituto de Pesquisa Médica Sanford Burnham Prebys (EUA) e autor sênior do estudo
Testes em 30 segundos
Um teste desenvolvido por israelenses é capaz de detectar a covid-19 em apenas 30 segundos. Segundo os criadores, a agilidade se dá porque a análise é feita por meio de odores. A empresa responsável pela tecnologia, a NanoScent, é uma startup especializada nesse tipo de análise. O método lembra os testes de alcoolemia (bafômetro), com a diferença de que é preciso expirar pelo nariz, e não pela boca, em um tubo posicionado em uma das narinas.
O tubo é então conectado a um pequeno dispositivo — que, por sua vez, é conectado a um telefone celular, responsável por informar se há ou não infecção. Durante o desenvolvimento da técnica, a empresa analisou a respiração de milhares de israelenses contaminados e identificou os odores específicos daqueles que haviam sido infectados pelo Sars-CoV-2. As informações ajudaram a alimentar o algoritmo que estrutura a tecnologia.
Testes em curso em Israel têm resultados com cerca de 85% de precisão. Também há experimentos em um projeto-piloto na Europa, segundo Oren Gavriely, da NanoScent. “Você pode detectar quem ou quem pode estar contaminado pelo vírus”, afirma em entrevista, à agência France-Presse de notícias (AFP).
Segundo a NanoScent, esse teste olfativo não deve substituir os laboratoriais. Isso porque ele permitirá determinar a presença do novo coronavírus, não a de anticorpos. Dessa forma, o objetivo é poder usá-lo na entrada de salas de espetáculos, estádios, hospitais ou aeroportos. Se o resultado for positivo, as pessoas devem ser submetidos a um exame mais detalhados. Também são vantagens, segundo os criadores, o preço baixo e a possibilidade de detecção em massa. “Isso pode ajudar a recuperar uma sensação de segurança e retomar uma vida normal”, afirma Gavriely.
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