Correio Braziliense
postado em 29/07/2020 04:17
Em audiência no Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes, o procurador-geral e secretário de Justiça dos EUA, Bill Barr, fez uma contundente defesa do envio de agentes federais para reprimir as manifestações em Portland (Oregon). Ele rechaçou as acusações de que tentaria impulsionar as chances de reeleição do presidente Donald Trump. Barr rejeitou as denúncias do Partido Democrata de que o magnata republicano estaria sufocando protestos pacíficos contra o racismo, e classificou os protestos em Portland de “um ataque ao governo dos Estados Unidos”.
O procurador-geral também repudiou as acusações de que ele busca favorecer Trumo politicamente, ao afirmar que sua missão é “retificar o Estado de direito”. “Depois da morte de George Floyd, manifestantes violentos e anarquistas fizeram protestos legítimos para causar estragos e destruição sem justificativa a vítimas inocentes”, argumentou Barr.
A morte do afro-americano, asfixiado por um policial branco em Minneapolis, provocou grandes protestos antirracistas nos Estados Unidos, assim como inúmeros pedidos por reforma policial. As manifestações acabaram por se enfraquecer consideravelmente, mas ainda há protestos ocorrendo no país, principalmente em Portland, cidade mais progressista. “Aceitar tacitamente a destruição e a anarquia é abandonar os princípios básicos do Estado de direito, os quais deveriam nos unir em um momento politicamente divisivo”, ressaltou Barr.
No entanto, o democrata Jerry Nadler, presidente do comitê, criticou os departamentos de Justiça e de Segurança Interna por enviarem esquadrões paramilitares a Portland. Os agentes federais entraram em conflito com manifestantes, prenderam dezenas de pessoas e foram acusados de uso desproporcional da força. “Como nação, estamos testemunhando como o governo federal se volta violentamente contra seu próprio povo”, disse Nadler.
Os democratas defendem que a intervenção representa o “estado policial” e apontam manobra política para transmitir aos eleitores a imagem de Trump como um líder da lei e da ordem. Os protestos em Portland se tornaram maiores desde a chegada dos agentes federais, e autoridades locais e do estado do Oregon acusaram Barr de uma reação exagerada, o que piorou uma situação que poderia ser resolvida.
“O presidente quer imagens para seus anúncios de campanha, e parece que estão sendo entregues conforme solicitado”, informou Nadler, um dos vários democratas que questionou Barr sobre o histórico de 17 meses como secretário da Justiça. No entanto, Barr disse em depoimento que é seu trabalho proteger a propriedade e os meios de subsistência afetados pelos manifestantes. “Não há lugar neste país para multidões armadas que busquem estabelecer zonas autônomas fora do controle do governo”, ressaltou.
“A responsabilidade mais básica do governo é garantir o Estado de Direito”
Bill Barr, procurador-geral dos Estados Unidos
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