Correio Braziliense
postado em 29/07/2020 04:17
Duas doses de uma vacina experimental para prevenir a covid-19 induziram respostas imunes robustas e controlaram rapidamente o coronavírus nas vias aéreas superior e inferior de macacos rhesus expostos ao Sars-CoV-2. A revelação foi feita por cientistas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid), parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.
A vacina candidata, chamada mRNA-1273, foi codesenvolvida por cientistas do Centro de Vacina Niaid e da empresa Moderna, em Cambridge, Massachusetts. Os resultados dos estudos em animais, publicados ontem no New England Journal of Medicine, complementam o ensaio clínico de fase 1 da substância.
Devido à emergência da pandemia, a Moderna foi autorizada a realizar simultaneamente os testes em humanos e em animais. Na segunda-feira, a farmacêutica deu início aos testes finais da fórmula com 30 mil voluntários. Já na etapa atual do estudo pré-clínico, três grupos de oito macacos rhesus receberam duas injeções de 10 ou 100 microgramas (g?) de mRNA-1273 ou placebo. As injeções foram espaçadas com 28 dias de intervalo.
Os primatas vacinados produziram altos níveis de anticorpos neutralizantes direcionados à proteína spike, usada pelo Sars-CoV-2 para se conectar e entrar nas células do hospedeiro. “Notavelmente”, dizem os pesquisadores, “os animais que receberam a vacina candidata nas doses de 10g? ou 100g? produziram anticorpos neutralizantes no sangue em níveis bem superiores aos encontrados em pessoas que se recuperaram da covid-19”.
A vacina experimental também induziu respostas de células T Th1, mas não respostas da Th2. A indução da ativação das células de defesa Th2 tem sido associada a um fenômeno que desencadeia graves doenças respiratórias. Além disso, a imunização experimental desencadeou a ativação de células T auxiliares foliculares, que podem ter contribuído para a resposta robusta de anticorpos.
Inédito
Quatro semanas após a segunda injeção, todos os macacos foram expostos ao Sars-CoV-2 pelo nariz e pelos pulmões. Dois dias depois, nenhum vírus replicante foi detectado nos pulmões de sete dos oito macacos nos dois grupos vacinados, enquanto todos os oito animais que receberam placebo continuaram a ter vírus replicante no pulmão. Além disso, nenhum dos oito macacos vacinados com 100g? de mRNA-1273 tinha vírus detectável no nariz dois dias após a exposição ao vírus.
Essa é a primeira vez que uma vacina experimental de covid-19 testada em primatas não humanos demonstrou produzir um controle viral tão rápido nas vias aéreas superiores, observam os pesquisadores. Uma substância com essa capacidade limitaria a doença no indivíduo, enquanto reduzir o derramamento nas vias aéreas superiores potencialmente diminuiria a transmissão do Sars-CoV-2 e, consequentemente, reduziria a propagação da doença, acrescentam eles.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.