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Austrália cogita obrigar Facebook e Google a pagar por conteúdo de notícias

Google e Facebook se opõe veementemente a qualquer medida que obrigue a compartilhação das receitas publicitárias e cogitam até boicotar a mídia australiana

Correio Braziliense
postado em 31/07/2020 08:51
Nesta foto de arquivo tirada em 16 de fevereiro de 2019, esta imagem mostra o logotipo do Google, empresa multinacional de tecnologia e serviços relacionados à Internet, exibida em um tablet em Paris.A Austrália apresentou nesta sexta-feira (31/7) um projeto de lei para obrigar Google e Facebook a pagar pelo conteúdo dos meios de comunicação do país, uma iniciativa que os dois gigantes tecnológicos combaterão.

O ministro das Finanças da Austrália, John Frydenberg, anunciou o "código de conduta restritivo" pensado para reger as relações entre os meios de comunicação, que atravessam grandes dificuldades financeiras, e os gigantes que dominam a internet, após 18 meses de negociações infrutíferas.

Além da obrigação de pagar pelo conteúdo, o código aborda questões como o acesso aos dados dos usuários, a transparência dos algoritmos e a ordem de aparição dos conteúdos nos fluxos de informação das plataformas e nos resultados de buscas.

"É o futuro da paisagem mediática australiana que está em jogo com estas mudanças", declarou Frydenberg durante uma coletiva de imprensa.

O ministro explicou que o projeto de lei seria apresentado ao Parlamento nas próximas semanas e que poderia acarretar em "importantes multas" de centenas de milhões de dólares para os infratores.

A longo prazo, o código será aplicado para qualquer plataforma digital que utilize conteúdo proveniente dos meios de comunicação australianos, mas focará inicialmente no Google e no Facebook, duas das companhias mais ricas e mais poderosas do mundo.

A iniciativa australiana será acompanhada de perto pelo mundo inteiro, em um cenário em que os meios de comunicação se veem prejudicados por uma economia digital na qual, cada vez mais, as grandes empresas de tecnologia monopolizam as receitas publicitárias.

A crise dos meios de comunicação agravou-se com a pandemia do coronavírus. Na Austrália, dezenas de jornais fecharam as portas e centenas de jornalistas foram demitidos nos últimos meses.

Facebook e Google se opõe veementemente a qualquer medida que obrigue a compartilhação das receitas publicitárias e cogitam até boicotar a mídia australiana.

Frydenberg, porém, alerto que o futuro código proibirá qualquer "descriminação" com os meios de comunicação australianos por parte das empresas de tecnologia.

Resposta do Google


Por meio de nota, o Google enviou o seguinte posicionamento

"Nossa esperança era que o Código fosse avançado e que, assim, o processo criasse incentivos para publishers e plataformas digitais negociarem e inovarem para um futuro melhor - por isso, estamos profundamente decepcionados e preocupados com o fato de que a presente versão do Código não alcançou isso. Pelo contrário, a intervenção pesada do governo ameaça impedir a economia digital da Austrália e afeta os serviços que podemos oferecer aos australianos.

O Código não leva em conta o valor significativo que o Google oferece aos veículos jornalísticos de maneira geral - incluindo o envio de bilhões de cliques aos sites de notícias australianos gratuitamente todos os anos, o que se converte em US$ 218 milhões. O documento envia uma mensagem preocupante a empresas e investidores de que o governo australiano irá intervir em vez de deixar o mercado funcionar, e debilita a ambição da Austrália de se tornar uma liderança em economia digital até 2030. Isso cria um desincentivo perverso à inovação no setor de mídia e não faz nada para resolver os desafios fundamentais de se criar um modelo de negócios adequado à era digital.

Pedimos aos legisladores que garantam que o Código final seja fundamentado na realidade comercial para que funcione de acordo com os interesses dos consumidores australianos, preservando os benefícios compartilhados criados pela web e não favorecendo os interesses de grandes veículos à custa dos pequenos.

Mel Silva, diretora-executiva do Google Austrália"

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