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Eleições são adiadas em Hong Kong, onde cresce repressão a opositores

Adiamento se deu em razão da pandemia do novo coronavírus; Casa Branca condenou a ação e alega que é mais uma promessa não mantida por Pequim. Entenda

Correio Braziliense
postado em 31/07/2020 15:30
A chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, ao final de uma conferência de imprensa na sede do governo em Hong Kong onde foi divulgado que as eleições locais planejadas para setembro seriam adiadasO movimento pró-democracia em Hong Kong sofreu outro golpe nesta sexta-feira (31/7), com o adiamento das eleições legislativas devido ao coronavírus, após um mês marcado pela desqualificação de seus candidatos, pela prisão de estudantes e pelo exílio de figuras da oposição.

A Casa Branca condenou o adiamento da eleição, chamando-a de "a mais recente de uma longa lista de promessas não mantidas por Pequim, que prometeram autonomia e respeito pelas liberdades ao povo de Hong Kong". 

Na sexta-feira, a polícia de Hong Kong ordenou a prisão de seis ativistas pró-democracia que vivem no exílio, incluindo Nathan Law, que recentemente se refugiou em Londres. 

"A polícia de Hong Kong ordenou oficialmente a prisão de seis manifestantes que fugiram para o exterior", disse a TV estatal CCTV. Perguntada pela AFP, a polícia de Hong Kong se recusou a comentar.

Um ano após protestos sem precedentes desde a devolução desta ex-colônia à China em 1997, o poder central chinês impôs, no final de junho, uma polêmica lei neste território semiautônomo, denunciada pelo lado pró-democracia como um instrumento legal para sufocar qualquer dissidência.

Para muitos, anuncia o fim do status deste território, que, no entanto, deveria gozar de uma ampla autonomia e liberdades desconhecidas na China continental até 2047, sob o princípio "Um país, dois sistemas".

Nas semanas seguintes à promulgação da lei, uma ampla repressão foi desencadeada contra o movimento pró-democracia. 

E, nesta sexta-feira, a chefe do Executivo local, Carrie Lam, nomeada por Pequim, anunciou o adiamento das eleições de setembro para eleger o Conselho Legislativo (Legco, o Parlamento local).

O governo americano condenou a decisão

"Condenamos a decisão do governo de Hong Kong de adiar por um ano as eleições de seu Conselho Legislativo", disse a secretária de Imprensa do presidente Donald Trump, Kayleigh McEnany, acrescentando que o adiamento "mina os processos democráticos e as liberdades" da ex-colônia britânica.

Na sequência, a Alemanha anunciou a suspensão do tratado de extradição com Hong Kong.

"Levando-se em consideração os acontecimentos atuais, decidimos suspender o acordo de extradição com Hong Kong", declarou em um comunicado à imprensa o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas.

'Resistência continuará'  

"Hoje anuncio a decisão mais difícil dos últimos sete meses [...], que é a de adiar as eleições para o Conselho Legislativo", devido a um aumento nos casos de coronavírus, afirmou Lam.

O governo central chinês chamou a medida de "necessária, razoável e legal".

Essa decisão alimentará, porém, a indignação da oposição, que havia pedido a Lam que não usasse a pandemia para se proteger de um desastre nas urnas. 

Na quinta-feira (30), as autoridades anunciaram a invalidação da candidatura de militantes pró-democracia para esta disputa eleitoral.

"Nossa resistência continuará, e esperamos que o mundo esteja do nosso lado na batalha que está por vir", disse em entrevista coletiva Joshua Wong, de 23, jovem que se tornou o rosto do movimento conhecido como "Revolução dos Guarda-Chuvas" em 2014. Ele também teve sua candidatura invalidada.

"É, sem dúvida alguma, o período de fraude eleitoral mais escandaloso da história de Hong Kong", acrescentou.

As autoridades já haviam negado a Wong o direito de concorrer às eleições locais de novembro passado, nas quais o bloco pró-democracia venceu.

A desqualificação dessas candidaturas ilustra a crescente influência do poder central chinês na antiga colônia britânica.

As autoridades locais apresentaram várias razões para invalidar essas candidaturas para a eleição de setembro, incluindo as opiniões dos pró-democracia contra a lei de segurança e sua recusa a reconhecer a soberania chinesa. 

Em outro argumento insólito, o Executivo local também criticou certos candidatos por tentarem obter uma maioria no LegCo.

O lado pró-democracia esperava aproveitar a popularidade do movimento de protesto do ano passado e seu sucesso nas eleições locais de novembro para obter, pela primeira vez, uma maioria no LegCo.

O Conselho é composto de tal maneira que, em geral, tende quase automaticamente a se inclinar para o lado dos partidários do governo central. 

Sucesso Popular 

Mais de 600.000 cidadãos de Hong Kong participaram das primárias organizadas pelo campo pró-democracia nesta cidade de 7,5 milhões de habitantes em meados de julho. Analistas consideraram a consulta um sucesso popular.

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