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Em Berlim, marcha contra restrições

Milhares de pessoas, entre ativistas antivacinas e da extrema-direita alemã, participam do %u201CDia da liberdade%u201D e pedem o fim das medidas de distanciamento impostas pelo governo

Correio Braziliense
postado em 02/08/2020 04:16
Para os manifestantes, que dispensaram o uso de máscara, a crise na saúde acabou:


Uma manifestação contra as medidas de prevenção ao novo coronavírus adotadas na Alemanha reuniu, ontem, milhares de pessoas em Berlim. O “Dia da liberdade”, como a marcha foi batizada por seus organizadores, ocorreu num momento em que as autoridades estão preocupadas com um leve aumento de casos da covid-19 no país. A média de novos diagnósticos subiu para 557 há uma semana, depois de ter ficado abaixo de 350 em meados do mês passado.

Segundo a polícia, cerca de 17 mil pessoas participaram do protesto, enquanto os organizadores anunciavam 500 mil. O ato reuniu os que se denominavam como pensadores livres, ativistas antivacinas e simpatizantes da extrema direita. Durante a marcha, denunciaram que as medidas de distanciamento limitam as liberdades individuais.

Poucos manifestantes usavam máscara e houve muita aproximação entre eles. “Somos a segunda onda”, gritavam alguns, que também clamavam por  “resistência”. Um grupo ressaltou que o novo coronavírus, na verdade, faz parte de “uma grande teoria da conspiração”.

Diante da situação, as forças de segurança apelaram aos manifestantes, por meio de alto-falantes, para que respeitassem as medidas de distanciamento e de proteção. A polícia anunciou, em seu perfil no Twitter, que registrou uma queixa contra os organizadores da marcha por “não respeitarem as regras de higiene”.

Para os manifestantes, contudo, as restrições não fazem mais sentidos e devem ser abolidas, uma vez que a crise da saúde, na avaliação deles, está superada. “É uma tática de medo: não vejo perigo com o vírus. Conheci muitas pessoas doentes em março, esquiadores, turistas, algo realmente aconteceu em fevereiro, mas agora não há mais pessoas doentes”, disse Iris Birzenmeier à agência de notícias France Presse. “Aqueles que não se informam, diferentemente de nós, são ignorantes e acreditam no que o governo diz”, acrescentou Anna-Maria Wetzel.

Críticos do protesto chamaram os participantes de nazistas, levando em conta que o lema da manifestação coincide com o título de um filme do diretor Leni Riefenstahl sobre a conferência do partido de Adolf Hitler, realizada em 1935.

Até agora, a Alemanha registrou 9,2 mil mortes por coronavírus, um número relativamente baixo, mas o governo teme um aumento de infecções. Na semana passada, inclusive, recomendou que os alemães não façam turismo na Espanha, que enfrenta novos surtos do coronavírus.

Ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a pandemia será provavelmente “muito longa”. A agência das Nações Unidas alertou para “o perigo de que se afrouxe a resposta em um contexto de pressões socioeconômicas”. Mais de 17,6 milhões de pessoas no mundo foram infectadas pelo novo coronavírus, que provocou a morte de, pelo menos, 680 mil.
 
 
 
 


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