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Biden em busca da escolha perfeita

Adversário de Donald Trump nas eleições presidenciais, o democrata anuncia nos próximos dias quem será sua companheira de chapa. Aos 77 anos, ele procura um nome que não apenas agregue força à corrida deste ano, mas que tenha perspectivas futuras

Correio Braziliense
postado em 03/08/2020 04:13
Obama observa seu então vice durante cerimônia, em 2016: o ex-presidente investe na arrecadação de fundos de campanha

A três meses das eleições presidenciais dos Estados Unidos, aumentam as apostas sobre a chapa democrata. Líder nas pesquisas de intenção de votos, Joe Biden prometeu definir, em breve, o nome de quem estará a seu lado no embate com o presidente republicano Donald Trump, em 3 de novembro.  Recentemente, ele disse que faria o anúncio esta semana, mas cogita-se que só divulgue a escolha no dia 17, quando começa a convenção que vai oficializar sua candidatura.

Certo mesmo, por enquanto, é que dividirá a chapa com uma mulher, como anunciou em março, depois que os demais pré-candidatos democratas desistiram de concorrer às primárias. A escolhida será a terceira candidata à vice-presidência da história dos Estados Unidos, depois de Geraldine Ferraro, em 1984, e de Sarah Palin, em 2008, quatro anos depois de Hillary Clinton tornar-se a primeira mulher nomeada a disputar a Casa Branca.

A iminente escolha de Biden tem gerado grande especulação. Embora algumas pesquisas mostrem que a decisão terá pouco impacto nas intenções de voto de Biden, há estudos que indicam que o nome poderá fazer a diferença, mobilizando mais eleitores negros ou do Meio-Oeste americano, que votaram em Trump em 2016.

2024

Além disso, há, ainda, uma questão de grande relevância, que envolve o futuro democrata. Ex-vice de Barack Obama, que tem exercido um papel importante na arrecadação de fundos de campanha, Biden completará 78 anos em 20 de novembro. Assim, se derrotar Trump, será o presidente mais idoso a assumir o cargo, superando o republicano Ronald Reagan, que tinha quase 74 quando iniciou seu segundo mandato, em 1985.

“A eleição do vice-presidente este ano é muito mais importante do que normalmente porque as pessoas esperam que Biden só cumpra um mandato”, disse David Barker, professor de governo da American University em Washington. “E, então, quem ele eleger como vice-presidente, provavelmente, será a próxima candidata à Presidência dentro de quatro anos”, assinalou.

Para David Barker, é improvável que Biden tome uma decisão de “alto risco” quando está à frente de Trump nas pesquisas por uma margem confortável — em algumas sondagens, a vantagem chega a 10 pontos —, inclusive em swinging states, estados que têm votação ora em republicanos, ora em democratas.

Entre as possíveis candidatas, uma vem ganhando força nas apostas. Trata-se da senadora pela Califórnia Kamala Harris, que, em dezembro do ano passado, surpreendeu ao renunciar à corrida pela indicação presidencial e, três meses depois, declarou apoio a Biden. Advogada, 55 anos, filha de uma indiana tâmil e de um jamaicano, exerceu dois mandatos como promotora de San Francisco e foi eleita duas vezes promotora da Califórnia.

O nome dela passou a ser considerado ainda mais factível, na semana passada, depois que o flagraram escrito em um caderninho de notas que Biden levava consigo. Abaixo do nome, estavam algumas anotações, como “não guarda rancor”, “muita ajuda na campanha” e “grande respeito por ela”.

Não foram vistos registros sobre outras possíveis concorrentes. Coincidência ou não, o site Politico apontou Kamala Harris como certa para vice na chapa democrata em uma nota publicada em 1º de agosto. Em seguida, porém, o site disse que divulgar a informação havia sido um erro.

Racismo

A pressão para que a vice democrata seja negra aumentou depois de primárias com grande diversidade de concorrentes e de uma campanha eleitoral marcada pela pandemia do novo coronavírus, que tem castigado especialmente os afro-americanos. Soma-se a isso, a recente onda histórica de protestos contra a violência policial e o racismo, deflagrada pelo assassinato de George Floyd, no fim de maio, morto asfixiado por um policial branco.

Outras políticas proeminentes são consideradas, entre elas, a legisladora pela Califórnia Karen Bass. Aos 66 anos, ela lidera o grupo de congressistas negros que redigiu o projeto de lei de reforma da polícia que leva o nome de Floyd.

Ex-assessora de segurança nacional de Obama, a quem Biden conheceu  bem em seu período na Casa Branca, Susan Rice, 55 anos, também ganha projeção. Outra forte candidata é a prefeita de Atlanta, Keisha Lance Bottoms, 50 anos, que tem se destacado em meio à crise sanitária e que declarou, precocemente, seu apoio a Biden há mais de um ano.

Biden poderia, no entanto, visar outro segmento eleitoral considerado crucial para os democratas: o hispânico. Nesse campo, tem chances Michelle Lujan Grisham, 60 anos, primeira governadora democrata do Novo México.

Estão, ainda, na disputa as senadoras Tammy Duckworth, 52 anos, do Illiniois, e Elizabeth Warren, de Massachusetts. Aos 71 anos, a ex-pré-candidata gera dúvidas, porém, não só por suas posições consideradas de esquerda, assim como as defendidas por Bass, bem como por sua idade.



“A eleição do vice-presidente este ano é muito mais importante do que normalmente porque as pessoas esperam que Biden só cumpra um mandato. E, então, quem ele eleger como vice-presidente, provavelmente, será a próxima candidata à Presidência dentro de quatro anos”
David Barker, professor de governo da American University em Washington
 
 
 
 
 

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