Correio Braziliense
postado em 03/08/2020 08:53
O presidente americano, Donald Trump, passará à ação "nos próximos dias" contra o aplicativo TikTok e outros ligados a empresas chinesas, informou neste domingo (2/8) o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
"O presidente Donald Trump disse 'chega' (...) e, então, tomará medidas nos próximos dias em resposta aos diversos perigos para a segurança nacional que representam os programas informáticos ligados ao Partido Comunista Chinês", afirmou o chefe da diplomacia americana à emissora Fox News.
Mais cedo, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, havia alertado, em entrevista à emissora ABC, que o TikTok devia ser vendido ou bloqueado nos Estados Unidos, devido às inquietações que gera sobre a segurança nacional.
Após semanas de ameaças e pressões, o governo republicano eleva o tom contra a rede social internacional de propriedade do grupo chinês ByteDance.
Em um contexto de tensões políticas e comerciais com a China, Washington afirma que o TikTok pode ser usado pela Inteligência chinesa com fins de espionagem, acusações que a empresa sempre negou, assim como nega ter compartilhado dados com Pequim.
"Não vamos a parte alguma", reagiu Vanessa Pappas, encarregada do braço americano do TikTok, em um vídeo publicado na rede social no sábado, assegurando que o aplicativo permanecerá no país.
Pappas prometeu criar 10 mil empregos nos Estados Unidos em três anos e acrescentou que a empresa está trabalhando para construir um aplicativo "mais seguro".
Segundo Pompeu, redes como WeChat e TikTok "enviam diretamente dados (de seus usuários) ao Partido Comunista Chinês", inclusive "seu endereço, número de telefone, amigos e contatos".
"Durante muito tempo, os Estados Unidos disseram, 'bom, se nos divertimos ou se algumas empresas ganham dinheiro com isso, vamos tolerá-lo'", acrescentou.
Mnuchin lembrou que o Comitê de Investimentos Estrangeiros dos Estados Unidos (CFIUS), a agência de seu ministério encarregada de verificar que os investimentos não representem riscos para a segurança nacional e que é presidido por ele, está avaliando o TikTok.
Também disse que o TikTok simplesmente "não pode existir como até agora" porque "corre o risco de enviar (a China) informação sobre 100 milhões de americanos".
O secretário afirmou ter falado com os líderes do Congresso, entre eles a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o máximo legislador democrata no Senado, Chuck Schumer, sobre o que fazer com a operação do TikTok nos Estados Unidos.
"Estamos de acordo em que é preciso mudar. Forçar uma venda ou bloquear o aplicativo", destacou.
O jornal The New York Times destacou no sábado que a ByteDance, empresa matriz chinesa do TikTok, havia oferecido vender seu braço americano, enquanto vários veículos asseguraram que a Microsoft está em negociações avançadas para comprá-lo.
Neste domingo, a Microsoft confirmou as negociações e que estas vão continuar após conversa com o presidente Donald Trump.
A gigante americana da informática anunciou em um comunicado que "aprecia a importância de responder às preocupações do presidente" e que espera que as conversações terminem no mais tardar em 15 de setembro.
A compra está sujeita a "uma avaliação integral da segurança e deve trazer benefícios econômicos aos Estados Unidos, inclusive ao Tesouro", acrescentou o comunicado da Microsoft.
Trump havia manifestado anteriormente sua oposição à compra do TikTok por uma empresa americana.
O Wall Street Journal havia reportado no sábado que as negociações entre Microsoft e TikTok estavam estagnadas pelos comentários do presidente.
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