postado em 21/05/2019 04:28
A luta inglória de priorizar a educação em um país como o Brasil precisar entrar na cabeça de políticos, mas, principalmente, da população. Seja básica, seja técnica, seja no ensino superior. Essa deveria ser uma missão assumida por todos. E o que vemos, em todos os governos, é a diminuição de investimentos na área. Os dados são públicos e divulgados enormemente: nos últimos cinco anos, os cortes no orçamento do setor vão além de R$ 25 bilhões. Só em 2015, durante a gestão Dilma Rousseff, a tesoura desbastou R$ 9,4 bi. No caso atual, diversas pastas sofreram com o ;contingenciamento;, mas a da Educação ocupa o triste primeiro lugar: R$ 5,8 bi.
A defesa do ministro Abraham Weintraub é de que as despesas obrigatórias (salários e assistência estudantil, por exemplo) não foram afetadas. Entretanto, seguindo o próprio raciocínio do chefe da pasta, isso não pode ser usado de desculpa para tirar dinheiro de uma área que precisa, a cada dia, de mais investimentos. Ele mesmo mostrou como é desolador o quadro das escolas públicas brasileiras, quando o assunto é desempenho e abandono. Ter o mínimo, nesses colégios, não é o suficiente para mudar esse quadro. Os alunos precisam de professores qualificados, material adequado, mais horas dentro de sala de aula, acompanhamento familiar intensivo. E só dá para fazer isso com dinheiro.
Hoje, as iniciativas do tipo nas escolas públicas são ;privadas;. É um jeito engraçadinho de dizer que dependem de ações individuais de professores. Como a matéria escrita na última edição do caderno Trabalho & formação profissional, deste Correio, escrita por Isadora Martins e editada por Ana Paula Lisboa, sobre um professor que utilizou um reality show de gastronomia para engajar as turmas do Centro de Ensino Fundamental 3 do Paranoá. Como diz o especialista Remi Castioni, na mesma reportagem, projetos assim podem reduzir as taxas de evasão escolar.
Mais uma vez: é preciso dinheiro, investimento, prioridade na educação. É dos bancos escolares, do básico, passando pelo técnico até as universidades, que vêm as soluções para os problemas do país. Não de uma hora para outra, mas de forma paulatina e planejada. A verba poderia vir da economia que a reforma da Previdência trará. E, por que não, das reformas tributária e administrativa. Por isso, elas são necessárias. Não para serem ensimesmadas ; as mudanças previdenciárias não devem servir para pagar a própria Previdência ;, mas com o objetivo claro de cuidar de educação, saúde e segurança.