Opinião

Comércio internacional: laço da prosperidade, não do egoísmo

postado em 22/05/2019 04:07
A imprensa brasileira tem acompanhado de perto a nova rodada de aumento tarifário entre a China e os Estados Unidos. Alguns comentários apontam que a contínua escalada do atrito comercial entre as duas maiores economias do planeta afetará, inevitavelmente, a economia global. Perante a desaceleração do crescimento econômico mundial e a estagnação do investimento e comércio global, o rumo das relações comerciais sino-americanas é, sem dúvida, relevante para os dois países e também para o mundo.

Vale frisar que a disputa comercial China-EUA foi provocada unilateralmente pelos EUA, que dispararam o primeiro tiro para aumentar as tarifas. Ao longo das 11 rodadas de consultas econômico-comerciais desde o ano passado, as negociações entre os dois lados têm sido difíceis e complexas. É inevitável que haja divergências, mas a China tem sempre mostrado a sinceridade e boa vontade na expectativa de chegar a acordo. Todavia, nos últimos dias, Washington desconsiderou o consenso básico e os avanços alcançados e insistiu em elevar tarifas novamente aos produtos chineses exportados para os Estados Unidos. A prática de exercer a pressão até o limite é, na sua essência, comportamento de hegemonismo econômico. Tal abordagem é muito prejudicial, pois não somente afeta os interesses dos povos chinês e americano, mas também põe em causa a segurança da cadeia industrial e de valor ao nível global, causando preocupação e questionamento na comunidade internacional.

A China tem defendido uma economia mundial aberta. Somos contra a guerra comercial e o protecionismo, que se dirá de chantagem. Não queríamos uma guerra comercial, mas tampouco receamos o confronto. Estamos abertos à negociação e prontos para enfrentar todos os cenários. Como resposta, a China foi obrigada a tomar as contramedidas necessárias para defender os seus direitos e interesses legítimos, além de salvaguardar o sistema multilateral e livre comércio. Claro, a porta para solucionar a disputa econômica e comercial entre os dois lados ainda não está fechada. As equipes dos dois países concordaram em manter a comunicação. Esperamos que os norte-americanos retomem o trilho correto o mais cedo possível para buscar a mesma meta com dos chineses, e se esforcem para chegar a um acordo de ganha-ganha com base no respeito mútuo e em pé de igualdade.

A disputa comercial entre a China e os EUA parece uma questão comercial. No entanto, trata-se mais dum embate entre regras e uso de força, multilateralismo e unilateralismo, livre comércio e protecionismo, assim como a filosofia de benefício mútuo e de jogo de soma zero. Ao mesmo tempo, a China e o Brasil, dois grandes países em desenvolvimento, têm persistido no diálogo e na consulta, e focado sempre na cooperação. Com base na igualdade, benefício mútuo e ganha-ganha, os dois procuram maximizar os interesses comuns quando houver problemas localizados e específicos na cooperação.

Nesse sentido, a China e o Brasil conseguem criar um caso exemplar de como manter o sistema construtivo de comércio internacional em defesa do multilateralismo. A realidade tem provado que, a fim de realizar o desenvolvimento comum e salvaguardar a estabilidade mundial, a opção certeira é continuar a defender o multilateralismo, promover constantemente a liberalização e facilitação do comércio e investimento, salvaguardando melhor o sistema e as regras do comércio multilateral.

Por esse motivo, a China continuará a aprofundar as reformas de maneira integral, a alargar a abertura ao exterior, e a aprofundar a cooperação mutuamente benéfica com todos os países, incluindo o Brasil, para construir em conjunto uma economia mundial aberta de nível mais alto. Que o comércio seja o laço que promova a prosperidade comum, não uma ferramenta que o vencedor aplica para levar tudo.

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