Jornal Correio Braziliense

Opinião

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Desde 1960

Quando o homem se afasta da
natureza, chega mais perto da morte

Destruir 19 hectares a cada hora é um dado alarmante e expõe o Brasil à crítica unânime internacional, colocado como um país, que, em pleno período de grandes mudanças climáticas, faz vista grossa e orelhas moucas aos alertas mundiais sobre a destruição do planeta. O pior é que o número de multas por esses crimes ambientais vem caindo sensivelmente no mesmo período, o que reforça as suspeitas do poder de lobby desse setor que, aliado à extração ilegal de madeiras, está abrindo chagas imensas e definitivas na floresta. O problema também é que o atual presidente da República parece reforçar a tese daqueles que fazem pouco caso da preservação ambiental.

Em entrevistas, nas quais tem abordado o assunto, o presidente critica, insistentemente, o que chama de ;indústria das multas;, promove um amplo desmonte nos órgãos que combatem e controlam o desmatamento, como é o caso do fechamento do Departamento de Florestas e Combate ao Desmatamento, que atuava no Ministério do Meio Ambiente, além de desprestigiar o trabalho do ICMBio e das unidades de conservação por todo o país.

Ao lado desse descaso com a biodiversidade do país, encarada como empecilho ao livre desenvolvimento do agronegócio, o que se tem verificado é a liberação recorde e sem precedentes de novos agrotóxicos para esse setor, muitos dos quais, definitivamente banidos da União Europeia e dos Estados Unidos. O Ministério da Agricultura informa que, em poucos meses, 197 novos registros de agrotóxicos foram liberados para uso no campo. Desses, mais de um quarto são proibidos nos países desenvolvidos e com legislação mais rigorosa. Para o governo, esse número maior se explica pelo fato de que a nova gestão prioriza aspectos mais racionais no trâmite desses produtos, como o aumento da concorrência desses produtos no mercado e uma queda em seus preços para o consumidor.

Sobre esse ponto, algumas análises feitas nos itens dessa agroindústria do país têm revelado que nossa agricultura e pecuária estão hoje entre os produtos mais contaminados do planeta. Não é por outro motivo que carnes e grãos são, volta e meia, rejeitados pelo teor de veneno que apresentam. Os longos trâmites para a liberação desses venenos foram também encurtados de forma radical, o que não tem impedido que combinação de venenos, alguns, inclusive de efeitos desconhecidos para o homem, passem a ser apresentados nas prateleiras dos mercados para os agricultores.

Ignorância e ganância. Desse binômio tem surgido, e em tempo célere, um tipo de agronegócio que não se intimida em jogar com a vida e com o futuro do país. Um exemplo claro dessa irresponsabilidade na liberação desses venenos é o glifosato. Considerado pela Organização Mundial de Saúde com um produto altamente cancerígeno, como ficou provado nos casos de Linfona não Hodgkin, e que é proibido na União Europeia e nos Estados Unidos, vem sendo largamente utilizado no Brasil, com o consentimento da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de outros órgãos do atual governo. Como resultado dessa incúria com relação a esses agrotóxicos, vêm aumentando em todo o país os casos de intoxicação e de envenenamento.

De 2009 para cá, segundo o Ministério da Saúde, os casos de intoxicação passaram de 7 mil para 14.664, ou mais do que o dobro, embora as autoridades estimem que esses números sejam ainda maiores, que muitos centros de saúde, ou não reconhecem esses efeitos, ou não notificam corretamente as autoridades. A situação tem chegado a tal ponto que, em comunicado assinado há pouco por todos os ex-ministros do Meio Ambiente do país, desde a criação da pasta em 1992, alertam para a política sistemática de desconstrução que vem sendo empreendida pelo atual governo com relação ao meio ambiente, com o desmantelamento dos principais organismos de proteção e fiscalização da nossa biodiversidade. Para esses ministros, que trabalharam na área e conhecem a fundo a questão, o atual governo não possui, nem de longe, uma agenda ambiental minimamente séria e comprometida com as novas gerações de brasileiros.

Essa preocupação também chegou aos mercados internacionais, principalmente aos da União Europeia, que estudam proibir produtos do agronegócio brasileiros que não tenham certificado reconhecido de produto que não afeta o meio ambiente. Medidas como essas poderão, no futuro, prejudicar os produtores nacionais e, quem sabe, os obrigarem a refazerem seus modos de produção, de olho não apenas no lucro imediato, mas de com vistas no amanhã.

A frase que foi pronunciada

;Glifosato à sorte é perigo de morte;
Faixa no protesto do Porto, em Portugal

Espalhe
; Sabe aquela pessoa que fica na frente do banco, no estacionamento do seu trabalho ou no sinal, pedindo dinheiro, comida ou que você compre algo dela? Ela também merece atenção e dignidade. Neste domingo a loja de rua será dedicada a ela e outras pessoas que estejam passando por dificuldades. Trata-se de uma loja de rua, montada entre o Planetário e o Clube do Choro que vai funcionar entre 9h e 13h. Quem nunca teve oportunidade de escolher roupas, sapatos, acessórios, brinquedos por não ter dinheiro terá, no domingo, a oportunidade de escolher o que quer. Quem você indicar também receberá alimento, terá o cabelo cortado. O ambiente é do bem.

História de Brasília
Com a Câmara em recesso, não houve, ontem, o movimento de segunda-feira no aeroporto. As companhias fizeram voos nem sempre lotados, e o movimento na estação de passageiros era dos menores. (Publicado em 21/11/1961)