postado em 31/05/2019 04:06
Uma espécie de agiotagem velada começa a se espalhar pelo Distrito Federal. Faixas distribuídas pelas principais vias da capital, como a EPTG e a EPIA, e cartazes afixados em paradas de ônibus anunciam ;troque o limite do seu cartão de crédito por dinheiro vivo;. Normalmente, apresentam uma simulação. Em uma delas, a proposta era a seguinte: ;R$ 1.000 em 10 parcelas de R$ 150.;
As faixas e cartazes não trazem o nome de nenhuma empresa. Apenas de um a três celulares para o interessado entrar em contato. Ao ligar para esses números, o interlocutor diz que uma pessoa vai até o ;cliente; com a maquininha de cartão para realizar a transação e, sendo aprovada pela operadora, em 20/30 minutos uma TED será efetuada para uma conta-corrente indicada ; ou seja, não há nenhum contrato assinado nem garantia alguma de que haverá o crédito do valor. Tudo meio que ;na base da confiança;.
A grande questão é que isso é nitidamente um crime contra o sistema financeiro nacional. Com taxas de juros cobradas pelas operadoras de cartão de 3,9% a 18,7% dos ;donos das maquininhas;, os R$ 1.500 parcelados da proposta apresentada acima, por exemplo, vão se tornar entre R$ 1.223,40 líquidos, no pior cenário, e R$ 1.446,50, se for cobrada a melhor taxa. Ou seja, descontando os R$ 1 mil ;emprestados; ao dono do cartão, o ;lucro; a cada transação varia de 22,34% a 44,65% para o ;dono; da maquininha. Isso sem correr risco algum: o agiota tem garantia total do negócio, tendo em vista que, se houver atraso no pagamento das parcelas, o cliente será cobrado diretamente pela empresa do cartão de crédito, com mais taxas.
Em um cenário de endividamento crescente da população ; em abril, por exemplo, 9,5% das famílias declararam não ter condições de pagar as contas futuras ou em atraso ;, seria prudente as autoridades policiais e monetárias prestarem atenção nessa nova de ;empréstimo;. Ocorre de forma velada, sem intermediários, mas que com certeza contribui e muito para o aumento do endividamento do interessado, que, por sua vez, não vai denunciar porque precisa daquele valor. A bola de neve só vai aumentar. E ninguém vai fazer nada?