Opinião

Imigrante é bem-vindo

postado em 18/06/2019 04:08
A imigração do século 21 desafia países desenvolvidos e em desenvolvimento. Tangidos por guerra, pobreza ou perseguição política, levas de adultos e crianças abandonam sua terra na busca desesperada por local onde possam se abrigar.

Deixam para trás casa, bens, família, amigos, trabalho e tudo o mais que construíram ao longo do tempo. Não o fazem por capricho ou espírito aventureiro, mas por real necessidade. Trata-se de questão de vida ou morte. Em 2017, somavam quase 26 milhões de pessoas no mundo.

Muitos tomam o rumo do Velho Continente. Procuram, por afinidade de língua e história, os antigos colonizadores, que enriqueceram à custa da exploração das riquezas e da mão de obra dos nativos então dominados.

Não raro são recebidos com hostilidade, alguns sequer podem aportar e morrem nas águas da imensidão do oceano. O Mediterrâneo, por isso, recebeu a triste alcunha de maior cemitério da Europa.

Os Estados Unidos sob Trump transformaram os imigrantes em moeda eleitoral. Esqueceram-se de que se tornaram a potência que sobressai das demais nações do planeta graças aos homens e mulheres que para lá foram a fim de se estabelecer, criar os filhos e amealhar riquezas. O país virou sinônimo de eldorado, que atrai gente dos cinco continentes.

Apesar da enorme dívida contraída com europeus, africanos, americanos e asiáticos, a Casa Branca ergue muros físicos e legais para impedir que eles atravessem as fronteiras. Discursos preconceituosos transformaram imigrantes não só em inimigos, mas também em bandidos responsáveis por roubos, estupros e homicídios.

O Brasil, que tal quais os Estados Unidos se construiu graças à contribuição dos imigrantes, tem recebido os que chegam com maturidade e competência. Nos últimos seis anos, houve aumento de 3.000% nas solicitações de abrigo legal no país.

Venezuelanos encabeçam a lista, seguidos de cubanos, haitianos, chineses, senegaleses e sírios. De acordo com o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), há um passivo de 26 mil pedidos pendentes.

Acolher grandes contingentes de pessoas é, sem dúvida, grande desafio. Mas há que enfrentá-lo. Claro que não se trata de população homogênea. Entre eles, existem pessoas altamente qualificadas, com formação superior em diferentes especialidades.

Habilitá-las a exercer a profissão pode preencher vazio nacional de carência de mão de obra cuja formação custa tempo e recursos. Há também os que precisam ser preparados para o mercado de trabalho. Impõe-se lhes mostrar os caminhos e lhes abrir as portas a fim de que possam disputar uma vaga na área para a qual se prepararam.

O estrangeiro que bate à porta longe está de constituir peso para a nação. Ele traz riquezas que contribuem para o enriquecimento da língua, da culinária, dos costumes, das competências e habilidades. Não é pouco.




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