Opinião

Aprender requer humildade

postado em 18/06/2019 04:08
O esforço de um país para se tornar uma democracia não pode ser medido em tempo, mas realmente é preciso paciência, concessões e um certo grau de humildade. Discursos violentos e ações impulsivas podem até fazer parte da construção desse processo, porém, mas como uma forma de ;contraexemplo;. Do mesmo modo, a autocrítica, a política, como arte do possível, e a diplomacia se tornam essenciais para o crescimento de um povo, de uma sociedade. Isso é aprendizado, que só se torna útil se colocado em prática, claro.

As frases acima, para o escriba aqui presente, não são necessariamente novidades ou pensamentos elaborados nos últimos tempos. Estudos e observações de longa data formularam esse tipo de teoria. Entretanto, tive a oportunidade de ver isso em ação na semana passada, convidado pela União Europeia para conhecer como esse organismo gigante atua. Entender as razões, as dificuldades, os esforços e o dia a dia da construção das relações entre 28 membros (o Reino Unido segue na conta e a esperança do órgão também) ; entre eles e com o mundo ; foi uma ;pós-graduação; no sentido de perceber que o Brasil ainda tem muito o que crescer no sentido de democracia. Reconhecer isso dói, mas é necessário para termos um rumo, uma direção.

Achar que isso simplesmente é abaixar a cabeça para a Europa, que eles são superiores a nós, não passa de superficialidade digna de uma poça d;água. Em todas as reuniões que tivemos ; eu estava com dois colegas jornalistas ;, os representantes da União Europeia davam clara mostra de autocrítica, de uma visão analítica constante dos próprios pensamentos e atitudes, de uma prudência enorme ao falar sobre qualquer assunto. E mais: não deixavam de perguntar para nós, brasileiros, a nossa opinião sobre o Brasil e sobre a União Europeia. Uma posição nítida de quem quer aprender.

Não é deslumbramento, podem acreditar. É fácil apontar erros e problemas cometidos e sentidos pelo organismo: Brexit, migração, desemprego, burocracia, extremismo, terrorismo. Eles sabem disso, têm plena consciência e tratam de todos os assuntos com a transparência, a democracia e o respeito devidos. E é esse mecanismo de tratar problemas tão difíceis de um jeito tão prudente e construído com esforço, diplomacia e concessões que nosso país pode aprender. Basta saber se temos a humildade necessária.



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