postado em 21/06/2019 04:17
Combatendo o analfabetismoDificilmente o Brasil conseguirá cumprir a meta estipulada pelo Plano Nacional de Educação de erradicar o analfabetismo até 2024, fato que envergonha a todos, pois sai governo, entra governo, e não se consegue acabar com essa anomalia. A triste realidade é que a taxa de brasileiros que não conseguem ler ou escrever nem um simples bilhete continua maior do que esperado pelos responsáveis pela política educacional do país. Constrangem os dados de pesquisa divulgada recentemente que mostra que o Brasil tem mais de 11 milhões de pessoas (com 15 anos ou mais) que são analfabetas, o que representa um índice de analfabetismo de 6,85%.
Mesmo tendo caído 0,2 ponto percentual em 2018, em relação ao ano anterior (redução de 121 mil analfabetos), é muito pouco para um país que se propõe a acabar com essa chaga. Levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua) revela que o Nordeste tem uma taxa de analfabetismo quatro vezes maior (13,9%) do que o Sudeste (3,5%), o que demonstra as desigualdades regionais. Quando se considera pessoas de 60 anos ou mais, a diferença fica bem maior: 37% dos idosos nordestinos não sabem ler nem escrever, enquanto no Sudeste, a região mais rica do país, são 10%.
Na verdade, a analfabetismo no Brasil está diretamente ligado à faixa etária. O estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que quanto mais velha a população, maior é a proporção de analfabetos. Isso acaba refletindo na queda da taxa de analfabetos, na medida em que os mais velhos deixam de existir com o passar do tempo. Os números mostram que, no ano passado, existiam quase seis milhões de brasileiros acima de 60 anos que não sabiam ler nem escrever, o equivalente a um índice de analfabetismo de 18,6% para este grupo etário.
Outro dado que chama a atenção na pesquisa diz respeito à taxa de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham. Quase um quarto deles (23%) disse não ter ocupação nem trabalho, o que preocupa os especialistas. O percentual é ainda maior entre os que têm de 18 a 24 anos, idade em deveriam estar, pelo menos na teoria, em algum curso universitário, chegando a 27%. A pesquisadora e analista Marina Águas, da Coordenação de Trabalho e Rendimento da Pnad contínua, faz a ressalva de que isso não significa que esses jovens sejam inúteis para a sociedade, já que uma grande parte é de mulheres que se ocupam com trabalhos domésticos.
Hoje, o Brasil tem 47,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos. Em 2018, 13,5% estavam trabalhando e estudando; 28,6% não estavam ocupados, mas estudavam; 34,9% trabalhavam e não estudavam; e 23% não estavam ocupados nem estudando. A análise desses números demonstra que tem de se investir continuamente na melhora da instrução e qualificação dos jovens, uma maneira eficaz de se enfrentar a grave desigualdade educacional existente no país. O combate ao analfabetismo não pode ter trégua e o país tem de extirpar esse mal secular.