postado em 26/06/2019 04:15
Em meio à polêmica criada com a tentativa de afrouxamento das regras de trânsito ; aumento de 20 para 40 pontos para suspensão da CNH, fim da obrigatoriedade da cadeirinha de criança e aumento do prazo de renovação da carteira de habilitação de cinco para 10 anos, entre outras medidas ;, números divulgados pelo Ministério da Saúde demonstram, irrefutavelmente, a necessidade de incremento da fiscalização e das campanhas educativas para coibir as transgressões de trânsito. Preocupam os índices da pesquisa Sistema de Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do ano passado, sobretudo os relativos ao uso do celular ao volante, ao consumo de álcool antes de dirigir e ao abuso de velocidade.
O que chama mais a atenção é o cenário revelado sobre a utilização do smartphone durante a condução de veículos, que vem crescendo exponencialmente em todo o país. De acordo com o levantamento, 19,3% dos motoristas ouvidos nas 26 capitais do país e no Distrito Federal admitem telefonar, teclar ou conferir mensagens na internet enquanto dirigem. Isso significa que um em cada cinco entrevistados concorda que comete a infração, que hoje já é considerada como a principal causa de acidentes de trânsito.
As pessoas acreditam, erroneamente, que não há perigo quando pegam o celular ao volante e, mesmo em movimento, fazem uso do aparelho. Acontece que o risco é muito grande para quem insiste em mexer no aparelho ao volante, como avalia Dirceu Rodrigues Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet). Ele revelou que estudo da Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, constatou que apenas 2% dos motoristas conseguem realizar duas tarefas de maneira adequada. Na realidade, assinala o especialista em medicina de trânsito, o celular tira a função cognitiva da pessoa, como atenção, concentração e percepção, além de reduzir a parte motora. Dessa forma, estão criadas as condições para a ocorrência de sinistros.
A ingestão de bebida alcoólica antes de assumir o volante é outro perigoso e persistente hábito do brasileiro. A pesquisa mostra que 5,3% dos entrevistados concordaram que dirigiram antes de consumir bebida acoólica ; as informações foram obtidas de forma espontânea dos pesquisados, que foram mais de 52 mil no Brasil. No quesito excesso de velocidade, o estudo aponta que 11,4% da população entrevistada, em todas as capitais e no DF, afirmou que já foi multada por causa dessa infração.
A questão que se discute é que medidas têm de ser tomadas, com urgência, pelos agentes públicos competentes, no sentido de estancar os acidentes de trânsito em todo o território nacional. Isso porque acidentes automobilísticos são considerados a segunda maior causa de mortes externas no país. Atualmente, o que mais provoca acidentes é justamente o uso indevido do celular e o consumo de álcool. Não resta dúvida de que a melhor forma de reverter esse quadro é por meio da conscientização dos cidadãos. Campanhas educativas devem ser priorizadas e a fiscalização tem de ser intensificada em todo o Brasil, com a máxima urgência.