Opinião

Olhar para o povo sempre

postado em 02/07/2019 04:21
A excelente série de matérias e entrevistas sobre os 25 anos do Plano Real, publicadas desde a sexta-feira passada neste Correio Braziliense, serve de resumo e bússola para quem quer entender o Brasil, social, política e economicamente. Seja de forma direta, seja nas entrelinhas, o dia a dia do cidadão e a opinião de especialistas e personagens da história brasileira mostram que não são somente o mercado e a estabilidade do país que contam na hora de apostar no desenvolvimento. Olhar para o povo, o tempo todo, é fundamental, nos ensina a prática.

O exemplo de uma universitária lá de São Gabriel da Cachoeira (AM) aponta que houve, sim, mais oportunidades para a população pobre no último quarto de século. Não é uma questão ideológica: investir na educação ; básica, universitária e técnica ; é o caminho certo (e, por isso mesmo, demorado) para um futuro melhor. Por outro lado, a política de incentivar o consumo e deixar de lado os ajustes fiscais se mostrou um equívoco. E poderia ser pior se o real não tivesse nos dado a estabilidade. Isso só para citar dois exemplos.

E entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também mostra como deve ser guiada qualquer mudança, qualquer reforma. Não que ele tenha a receita do sucesso e suas palavras devam ser levadas em conta para todos os assuntos, mas a experiência de erros e acertos precisa ser considerada. ;Você tem que ganhar a população, não é ganhar o mercado. O mercado, você ganha quando ele ganha dinheiro. A população, você ganha quando ela vê que aquilo é bom para ela;, diz, a certa altura.

E ele repete, pouco depois: ;Não são os mercados, porque o mercado vai colocar logo outro sarrafo. Tem que ter a confiança da população. A população tem que perceber que este governo vai nos levar para algum futuro;. A história do real e da democracia recente no país mostra que o povo merece um pouco mais de consideração e de visão de futuro na hora da construção de um projeto de longo prazo. E tem que ser de longo prazo. O Brasil tem capacidade para isso.

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