postado em 08/07/2019 04:19
João Gilberto
;Queria que o público visse ali não o João Gilberto, mas o Brasil;, disse, certa vez, o próprio gênio da bossa nova que acaba de nos deixar. Um dos clássicos cantados e interpretados pelo músico baiano ; Pra que discutir com madame ; já dava sinais da revolução cultural que o Brasil provocaria no mundo: ;Madame tem um parafuso a menos/Só fala veneno/Meu Deus, que horror/O samba brasileiro democrata/Brasileiro na batata é que tem valor;. O termo bossa nova foi empregado para designar o estilo de voz e violão criado por João Gilberto (1931-2019) e registrado oficialmente, pela primeira vez, no compacto de 1958, com as músicas Chega de saudade e Bim bom, e, no mesmo ano, pelo LP Chega de saudade. Convém lembrar que a bossa nova se formou sobre a sofisticação harmônica do samba-canção, sobre as novas harmonias trazidas por violonistas formidáveis, por alguma influência do jazz e, principalmente, sobre o andamento do samba-choro e o balanço do samba sincopado. A bossa nova projetou o Brasil no exterior de forma inédita e conquistou os filhos da nova classe média que surgia. Houve também um componente de marketing expressivo, que foi se valer da extraordinária imagem tropical do Rio de Janeiro. Para o crítico musical Luiz Tatit, em O século da canção (2004), João Gilberto foi um dos protagonistas da bossa nova intensa ; ;movimento musical; (1958-1963) que ;criou um estilo de canção, um estilo de artista e até um modo de ser que virou marca nacional de civilidade, de avanço ideológico e de originalidade;. Ao lado de Tom Jobim (1927-1994), João Gilberto também criou a bossa nova extensa ; ;projeto de depuração de nossa música, de triagem estética, que se tornou modelo de concisão, eliminação dos excessos, economia de recursos e rendimento artístico;. Com sua voz e seu jeito de tocar violão inconfundíveis, João Gilberto imortalizou-se como um divisor de águas para a história da música brasileira e internacional.
; Marcos Fabrício Lopes da Silva, Asa Norte
FGTS
Passada a reforma da Previdência, sugiro ao filho do querido presidente Bolsonaro e deputado federal pelo PSL a lutar pela ideia magnífica do seu pai, o estadista Jair Bolsonaro, de aprovar a liberação de contas inativas do FGTS como forma de aquecer a economia e, ao mesmo tempo, apresentar minha solidariedade ao presidente pelos injustos ataques que vem sofrendo de alguns setores, em razão de estar no rumo certo e colocar o Brasil nos trilhos. Oxalá tenhamos um resultado bom do PIB em 2019!
; Simão Szklarowsky, Asa Sul
Estranhamento
É de se estranhar a ausência de pedidos do MPF ao Judiciário no sentido de proibir divulgação de quaisquer informações obtidas ilegalmente, nos termos do art. 180, parágrafos 1; e 4; do Código Penal. O ; 1; diz que é crime ;adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime;. E a pena pode ser reclusão de até oito anos. Por sua vez, o parágrafo 4; sequer dá margem para se alegar que se desconhece o autor do crime, pois impõe que ;a receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa;.
; Milton Córdova Júnior, Vicente Pires
Venda de armas
Armas: liberar ou proibir? Essa é a questão. Segundo alguns, a liberação do comércio de armas provocaria automaticamente o aumento da criminalidade, mesmo que a venda esteja sujeita a requisitos quanto à pessoa do comprador e à guarda e à posse da arma, bem como restrita ao tipo e à potência. No país, há 375 mil armas em poder da população, devidamente registradas na Polícia Federal. Segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), há também cerca de 8 milhões de armas ilegais e clandestinas em poder do crime organizado, fruto do contrabando aéreo, marítimo e de fronteira terrestre. Embora o Estatuto do Desarmamento esteja em vigor desde 2003, o índice de criminalidade não cessa de aumentar. Dos 65.602 homicídios ocorridos em 2017, menos de 3% foram cometidos com armas legais, devidamente registradas. Obviamente, os outros 60 mil foram cometidos por armas ilegais, com numeração raspada e por integrantes do crime organizado. A venda de armas ilegais é muito comum, realizada em todas as cidades, e os preços são bem inferiores aos das lojas. Pode alguém de sã consciência imaginar que o comércio legal de armas teria a mínima participação nessa absurda quantidade de homicídios hoje praticados no país? Há poucos meses, em um domingo à tarde, meu vizinho estava assistindo na televisão a um jogo de futebol, quando ouviu vozes na cozinha da casa. Foi ver o que seria e se deparou com um assaltante com arma em punho discutindo com seu neto, uma criança. O assaltante deu um tiro no peito do avô, que morreu na hora. Alguém acha que essa arma foi comprada em uma loja? Só as ditaduras proíbem a venda de armas aos seus cidadãos. Em todas as democracias da Europa e das Américas, a venda é normal.
; Cid Lopes, Lago Sul