postado em 09/07/2019 04:05
Metroviários
Nesta segunda-feira, estive na Estação Metropolitana de Taguatinga para abastecer meu cartão de vale-transporte. Só tinha um funcionário que estava orientando as pessoas na passagem pela catraca. Falei que queria atendimento no guichê. Ele falou que não poderia sair de onde estava para abrir o guichê, pois estava sozinho. Então, fui para a parada de ônibus pegar o transporte para a próxima estação no Centro de Taguatinga. Pensava eu que naquela estação tão grande, sempre muito movimentada, teria um funcionário para atender os trabalhadores que pagam o salário dessa gente para que tenhamos atendimento. Não tinha. Perdi tempo e dinheiro. Os metroviários recebem polpudos salários para não trabalhar. É a única categoria que entra em greve e fica meses parada, de pernas pro ar e só comendo nosso dinheiro. Nem um dia é descontado do salário dessa gente que desrespeita os trabalhadores, cuja labuta diária enche o caixa do governo e garante o salário dos servidores públicos que não querem trabalhar. Não consegui abastecer meu cartão por falta de atendimento. Os metroviários são folgados, e estão prestando um desserviço ao povo de Brasília com essas greves intermináveis.
Maria do Carmo Fonseca, Taguatinga
Trabalho infantil
O trabalho infantil escraviza, queima mãos e pés das crianças, desanima os infelizes de tanto cansaço e depois os descarta. Maria Montessori afirmava que a criança é o maior trabalhador que existe, pois trabalha sem cessar na construção de si mesma. Como o presidente acha que o trabalho infantil deve ser incentivado, queremos saber: ; para quais crianças? as mais pobres, sem qualquer horizonte educacional? Autores da literatura mundial se dedicam a cantar a infância em prosa e verso ; fase da autora da minha vida, que os anos não trazem mais. Agora, será o trabalho que impedirá as pequenas alegrias e brincadeiras que constituem a infância? Onde estão as sociedades de pediatria e os órgãos protetores da infância e adolescência para se manifestarem sobre essa horrenda declaração? Será que ninguém mais se lembra do ;vinde a mim as criancinhas;? Quem poderia imaginar a ;abolição da infância;?
Thelma B Oliveira, Pediatra
Moro
Sérgio Moro pode se queixar de tudo. Menos do notável e tratamento diferenciado que recebe da imprensa. Fortes e graves denúncias e acusações contra o ministro da Justiça têm merecido amplos espaços para Moro retrucar. Deita e rola em explicações superficiais. O legítimo jogo democrático manda que denúncias da imprensa precisam ser refutadas e esclarecidas, sobretudo quando o atingido ocupa cargo importante. Articulado e conhecedor dos labirintos jurídicos, Moro tornou-se mestre em chorar pitangas. Não sossega enquanto não impõe a veracidade do que argumenta. Repete a mesma tecla. Sem corar nem temer ser engolido mais adiante pelo constrangimento da verdade. Moro não reconhece a veracidade dos diálogos vazados entre ele e procuradores da Lava-Jato.;Bando de criminosos;, costuma bradar. O ministro não abre mão de ser o mocinho e paladino do filme. Seus desafetos que fiquem com os papéis de bandidos. Nessa linha, em longa entrevista de duas páginas ao Correio Braziliense (7/07) Moro disparou: ;Os que ainda não foram presos tentam destruir a Lava-Jato;. Moro pegou pesado. Extrapolou. Deveria citar nomes. Ser mais claro em suas acusações. É cômodo botar mais álcool na fogueira e sair de perto. Aplaudido no Maracanã, não significa que Moro não precise convencer os brasileiros de que realmente é escravo da Justiça, da isenção e da verdade.
Vicente Limongi Netto, Lago Norte
; O ministro Sérgio Moro não reconhece como verdadeiros os diálogos entre ele e os procuradores da Operação Lava-Jato que têm sido, a conta-gotas, divulgados pelos veículos de comunicação. Não poderia ser diferente. A Constituição ensina e garante que ninguém obrigado fazer provas contra si. Mas o fato de ele não reconhecer não significa que os diálogos são falsos. Ele condenou pessoas com base no que há de mais abstrato: a convicção dos meninos da República de Curitiba; as delações de criminosos foram transformadas em provas. Antes mesmo de comprovar a veracidade das delações, Moro e a república curitibana condenavam o alvo da vez. A situação é muito constrangedora, a ponto de o presidente da República aceitar o seu afastamento do cargo de ministro por cerca de cinco dias, para tratar de interesses particulares. Considerando que uma revista semanal, parceira da ultradireita, entrou no caso e assegura que as gravações são verdadeiras, o constrangimento ainda é maior. Na opinião pública tanto o presidente quanto o dileto ministro estão caindo no conceito dos eleitores. Moro precisa realmente descansar e rever o mantra em sua defesa.
Gilberto Borba, Sudoeste