postado em 09/07/2019 04:05
Já era madrugada e os deputados discutiam a reforma da Previdência na Comissão Especial. Notei um copinho desses de plástico descartável, entre a mesa da presidência e os integrantes do grupo. Gritos, discursos inflamados, acusações, documentos mostrados. E o copo era ignorado. Uma sujeira no chão que ninguém notou ou teve a decência de jogar em uma lixeira. Desculpem, mas a comparação foi inevitável: aquela cena era uma metáfora perfeita do povo brasileiro.
Notem que em qualquer ambiente em que se eduque uma pessoa, o fato de haver um dejeto no chão é motivo de ensinamento. Ora, você que viu aquele lixo, dê um jeito nele. Cuide dele. Se você viu alguém jogando ou derrubando sem querer, chame a atenção, mas faça algo para não sujar. Isso significa que você se preocupa com o meio ambiente, com o próximo, com aqueles que vêm depois de nós. É um gesto mínimo de consciência ecológica e, por isso, humana, social e econômica.
Naquela madrugada, ninguém, deputados ou qualquer outro presente no recinto, olhou para o copo. Na verdade, alguns chutaram e pisaram. E era como se ele não estivesse ali. Como parece, muitas vezes, que os parlamentares não compreendem o verdadeiro motivo de eles estarem naquela Casa. E, assim, se vê que votações são feitas de acordo com interesses ; sejam eles escusos, particulares, sejam simplesmente voltados somente para uma parcela da população ;, ideologia pura ou de olho nas próximas eleições.
O problema é que ser político passa pela necessidade de se fazer o possível, mas sempre com o objetivo do bem-comum. Qualquer coisa que se exerça além disso é politicagem, partidarismo e negociata. Mas não vamos somente responsabilizar os políticos. Se na metáfora, o copo representa o povo brasileiro, convenhamos, também somos tóxicos. Somos tóxicos quando deixamos essa visão esquerda/direita atrapalhar o crescimento do país, votamos em candidatos envolvidos em esquemas, somos preconceituosos e enxergamos somente o interesse pessoal. Aí, o descaso com o copinho, me perdoem, mas é autoexplicativo...