Opinião

Viva a Amazônia!

postado em 12/07/2019 04:22
Preste atenção nesta frase: "O Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer". Quem a pronunciou foi o presidente da República. Além de tosca e inadequada para qualquer pessoa, e muito mais para o decoro do cargo, ela falsamente transmite a ideia de que nosso país é protetor absoluto da Amazônia. No mês passado, o desmatamento na maior floresta tropical do mundo aumentou 88% em relação a junho de 2018. Além disso, o Ministério do Meio Ambiente sofreu um desmonte preocupante. Jair Bolsonaro chegou a afirmar que não reconhece o cacique Raoni, uma das personalidades mais influentes na defesa da Amazônia. Admitiu que ONGs, artistas e Raonis não mais influenciarão a política externa brasileira.

Esse mesmo governo tem demonstrado desprezo absoluto pelos índios e por seu legado. Quando a força do capital sufoca a política ambiental e o poder erroneamente crê que a prosperidade econômica está na exploração indiscriminada da Amazônia, algo se revela muito errado. É nosso dever supremo, como cidadãos do mundo, preservar e exigir o extrativismo sustentável, inteligente e regrado da floresta. Indígenas e organizações não governamentais (ONGs) têm muito a ensinar sobre um dos maiores tesouros naturais do planeta. Assim como as personalidades.

O papa Francisco alerta que uma mentalidade cega e destruidora, que privilegia o lucro sobre a justiça, prevalece na Amazônia. Segundo o pontífice, a situação dos povos amazônicos "é grave e não mais sustentável". Em outubro, o líder católico comandará o Sínodo da Amazônia, uma reunião de bispos de oito países sul-americanos abrangidos pela Região Amazônica. A preocupação do papa deveria servir de termômetro para que o governo perceba os descaminhos de sua política ambiental.

Além de ser chamada "pulmão do mundo", a Amazônia é um dos maiores celeiros de cura para a medicina e de conhecimentos de tempos remotos. Que o som dos tratores com correntes derrubando árvores milenares não se torne rotina. Que a lógica da preservação impere sobre a cegueira ideológica.



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